Funcionária terceirizada da Legislativa de Mato Grosso é apontada por denúncia do (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado) como responsável pelo recrutamento de novos membros do Comando Vermelho em Mato Grosso do Sul. A Operação Bloodworm foi deflagrada no dia 5 deste mês no Estado e teve como alvos policiais penais que ajudavam a facção.

A denúncia do Gaeco traz que a copeira seria responsável pelo setor de ‘Cartório de MS', ou seja, ela recrutava os novos membros para a facção, controlando o gerenciamento dos integrantes, como também tinha influência no setor ‘Progresso' que trata da parte financeira da facção com contribuições dos faccionados. 

A copeira ainda participaria do setor ‘Disciplina', onde eram aplicadas as punições aos transgressores. O Gaeco aponta a terceirizada da Assembleia Legislativa do Mato Grosso como atuante no setor ‘Gravatas' ligado aos advogados da facção. 

A mulher teria também atuado na cooptação de policiais penais para a introdução de produtos ilícitos na II. A denúncia ainda revela que a copeira tem marido e filho presos em Mato Grosso do Sul.

Filho na Gameleira, tesoureiro do CV

A denúncia do Gaeco ainda aponta que o filho da copeira está preso na Gameleira. Ele é apontado como o 04 do ‘Conselho do 13' da facção criminosa. O marido da mulher também está encarcerado na penitenciária.

O marido da copeira é apontado como o 02, vice-presidente do ‘Conselho dos 13' do Comando Vermelho, em Mato Grosso do Sul, que tem como líder faccionado vindo do e preso na Gameleira. 

Mandava até no líder do Comando Vermelho em MS

A copeira teria muita influência e respeito sobre os membros do CV, tanto que o líder da facção teria ligado para ela dando satisfações após a sua regressão do regime fechado para o regime semiaberto.

De acordo com a denúncia, o líder progrediu no dia 23 de junho de 2022  para o semiaberto e teria ligado imediatamente para a copeira dando explicações sobre sua condição para o regime semiaberto e falando sobre a situação do filho dela, ainda preso em regime fechado.

Em uma das conversas do líder com a mulher, ele agradece tudo que ela teria feito pelo faccionado e ainda fala que estava tentando contato com o filho dela dizendo que ele tinha de sair da Gameleira. “OLHA SÓ, EU LIGUEI PRA COMUNICA PRA SENHORA QUE EU CHEGUEI NA SEMI ABERTA, ENTENDEU”, diz mensagem enviada pelo líder quando regrediu do regime fechado, no dia 29 de junho de 2022, às 19h44. 

Em outra mensagem, ele agradece pelo apoio da copeira: “agradeço a senhora por tudo, outra coisa provavelmente eu devo ir pra i, por isso que eu tenho que conversar com o JUNINHO antes entendeu, ta bom então tá, a senhora fica com Deus, muito obrigado por tudo que a senhora fez por mim.”

Operação que teve alvos policiais penais

A operação foi deflagrada no dia 5 deste mês. Foi descoberto que agentes policiais penais e advogados estavam a serviço da facção criminosa. Segundo informações, o MPMS (Ministério Público Estadual) investigou por cerca de 15 meses e foi possível descobrir investidas tímidas no Estado, para estruturar e expandir a facção em Mato Grosso do Sul.

Ao todo, foram cumpridos 92 mandados de prisão preventiva e 38 mandados de busca e apreensão, em Campo Grande, Ponta Porã, Coxim, Dourados, Rio Brilhante, Sonora, São Gabriel do Oeste, e Dois Irmãos do Buriti, além do Rio de Janeiro, Goiânia, Brasília, Paulo de Faria, Várzea Grande, Cuiabá, Sinop, Cáceres, Marcelândia, Primavera do Leste, Vila Bela da Santíssima Trindade e Mirassol d'Oeste, no Mato Grosso.

O uso de celulares e as ações de “pombo-correio” feitas por advogados que integravam a facção – os gravatas – permitiam o contato entre os faccionados presos e seus comparsas em liberdade, a fim de traçar o planejamento de crimes como roubos, tráfico de drogas e comércio de armas, que foram reiteradamente praticados e comprovados durante a investigação, cujo proveito serviu para o fortalecimento do Comando Vermelho MS.