A instalação de uma base móvel da GCM (Guarda Civil Metropolitana) no prédio da Antiga Rodoviária, no bairro Amambaí, causou insatisfação de comerciantes da região central de Campo Grande. Isso porque, conforme os relatos, a presença dos guardas ocasionou saída de dependentes químicos de um bairro para outro.

A mudança ocorreu há pouco menos de um mês, no último dia 20 de setembro. Após isso, um dos locais relatados como novo ponto de aglomeração de dependentes químicos e de pessoas em situação de rua é o entorno da Igreja Santo Antônio, na Rua 15 de Novembro com a Avenida Calógeras.

Com isso, comerciantes da região reclamam que os usuários de drogas estão se ‘espalhando’ pelo centro da cidade, o que gera insegurança entre consumidores e empresários que trafegam por ali.

Brigas, assédios e uso de drogas em praça pública

O barbeiro Vitor da Silva, 24, comenta que brigas entre os usuários e assédios cometidos contra mulheres são vistos constantemente em frente ao seu local de trabalho. “Eles estão se espalhando principalmente por aqui nessa praça Santo Antônio e no entorno do camelódromo. Eles brigam bastante, querem bater nos moradores, assediam mulheres, passam aqui em frente ao salão querendo brigar. Está complicado. As mulheres não podem passar aqui que eles ficam assediando e pedindo dinheiro”, reclama o barbeiro.

(Henrique Arakaki, Jornal Midiamax)

Além disso, Vitor cobra mais policiamento por parte da GCM no local. “A guarda devia passar mais aqui por essa região, porque aqui em frente é uma igreja, tem o mercado municipal ali, a todo momento tem crianças nessa praça. Quando dá umas 20 horas fica cheio de usuários de drogas neste local”.

Com um mercado há anos na Avenida Calógeras, o comerciante Edson Barbosa, 60, confirma a presença dos usuários próximo de seu empreendimento, e com isso, comenta que precisou reforçar a segurança.

“Por colocarem a base móvel da GCM lá na antiga rodoviária, os usuários têm migrado um pouco para essa região. Ficamos insatisfeitos e tivemos que dobrar o efetivo de segurança do comércio, investindo mais no custo, por exemplo. Estamos pedindo também ajuda para a polícia passar mais vezes por aqui para dar o apoio, porque realmente exagerou”.

Para outro empresário, que não quis se identificar, o policiamento na região está sendo feito, mas o que faltaria, mesmo, seria trabalho de assistência social com os usuários de drogas e moradores de rua.

“O policiamento está bom, não tenho do que reclamar. O problema que vejo é a questão de saúde pública, porque não vejo um trabalho contínuo por parte da SAS (Secretaria Municipal de Assistência Social) para tentar fazer com que as pessoas saiam da situação de rua. A quantidade de roubos aqui no centro aumentou, o único problema que aumentou é esse de assistência social”, diz.

Ele ainda ressaltou que precisa ficar em alerta o tempo todo. “Minha funcionária falou que, recentemente, quando ela estava sozinha, ficou um menino de uns 12 anos cuidando a caixa de som da loja para ver se ela se distraía e ele conseguia roubar”.

Outro problema para trabalhadores é o antigo prédio do Labcen (Laboratório Central) de Mato Grosso do Sul, que virou ‘casa’ dos usuários de drogas há mais de um ano e tem piorado. O prédio está desativado há cinco anos e quem trabalha por perto se depara constantemente com usuários fazendo suas necessidades fisiológicas na Avenida Calógeras e ameaças a quem passa pela via.

(Marcos Ermínio, Midiamax)

Recém-inaugurada, base móvel da GCM atua 24 horas na região da antiga rodoviária da Capital

A GCM, por sua vez, informou que a base móvel, recém-inaugurada no Amambai, funciona 24 horas por dia, com uma equipe sempre de prontidão para atender a população em geral e pontua. “Ao redor da rodoviária realmente há uma melhora visível. Contudo, a permanência da GCM no local, ao mesmo tempo que evita usuários, faz com que eles procurem outros locais”. 

Para reforçar a segurança dos moradores e comerciantes, cerca de 18 guardas e 12 viaturas atuam na base.

(Henrique Arakaki, Jornal Midiamax)