Advogados que cuidavam do ‘caixa’ para a chefe do RH do Comando Vermelho devem ser suspensos
Suspensão será votada nesta sexta-feira (14) pela OAB
Thatiana Melo –
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Os três advogados presos durante a deflagração de operação pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado), no dia 5 de maio contra a facção criminosa Comando Vermelho que tinha como chefe uma copeira da ALMT (Assembleia Legislativa de Mato Grosso), podem ser suspensos pela OAB (Ordem dos Advogados do Brasil).
A suspensão deve ser votada ainda nesta sexta-feira (14), e caso seja decidida pela suspensão, os advogados podem ser penalizados com até 90 dias. Eles são apontados pela denúncia do MPMS (Ministério Público Estadual), como quem teriam um controle do ‘caixa’ da facção. Um dos advogados ainda negociava drogas para a chefe do RH e ficava com parte dos lucros.
Já outra advogada é apontada como a mensageira dos membros da facção, que estavam encarcerados na Gameleira de segurança máxima, em Campo Grande. Em uma das conversas interceptadas, a advogada se mostra muito íntima de um dos detentos.
Advogados fazem parte do grupo ‘Gravatas’
Do grupo, dois advogados eram de Campo Grande e um estagiário de Dourados. Uma outra advogada de Várzea Grande, no Mato Grosso, exercia grande influência dentro da facção criminosa, sendo chamada para momentos críticos e solução de questões da facção.
Um dos advogados em Campo Grande teve as ligações interceptadas, nas quais ele conversa com a chefe do RH do Comando Vermelho sobre o valor que seria vendido o quilo da droga. Nas conversas, a droga era chamada de ‘feijão’ para não levantar suspeitas. O valor estava sendo negociado de R$ 600 a R$ 700.
Em uma das conversas, a chefe do RH falava para um dos fornecedores entrar em contato com o advogado que iria resolver como seria feito o transporte e a negociação da droga. “Então XXX, é pelo seguinte, é como eu te falei que eu ia estar passando esse procedimento pro doutor XXX, certo? Então. Ele ficou meio com receio de te ligar, porque eu expliquei para ele algumas situações. Aí ele falou pra mim estar entrando em contato com você, passando o número dele. Certo, que ele te explica melhor. E a, O FRETE DELA PARA CÁ ESTÁ BOM, ENTENDEU? Mas eu eu garanto que tem alguma delas já já aqui, né, Então, basta conversar direitinho pra saber, né. COMO QUE ESTÁ SENDO OS PROCEDIMENTO. Se você quiser, EU PASSO O NÚMERO DE DOUTOR XXX”.
Já em uma das conversas da chefe do RH com o advogado, ele demonstra preocupação com o valor repassado ao traficante para a negociação da droga. “DONA XXX, uma pergunta que, QUE A SENHORA ACHA QUE DÁ PARA FAZER COM AQUELA QUESTÃO DO DO XXX é, EU ACHO QUE EU PASSEI OS VALORES PARA A SENHORA, que a senhora acha que dá para fazer ali? ATÉ PORQUE EU E A SENHORA PRECISAMOS GANHAR ALGUMA COISA TAMBÉM, NÃO É? Vamos ganhar junto é diferente, entendeu?”.
Ainda segundo a denúncia do Gaeco, outra advogada seria a responsável pela fuga de dois presos, integrantes da facção, de Rio Brilhante para Três Lagoas. A facção mantinha os advogados tanto para ajuda dos membros presos, levando itens de higiene, como para a negociação de drogas e até armas para a facção.
No Estado, um informativo chegou a circular em grupos de WhatsApp do Comando Vermelho na cobrança de mensalidade dos integrantes, no valor de R$ 50 para a manutenção das ‘ajudas’. A chefe do RH da facção é apontada como a intermediária da venda, aquisição e solicitação de amostras de drogas.
Operação tinha como alvo policiais penais e advogados
A operação foi deflagrada no dia 5 deste mês. Foi descoberto que agentes policiais penais e advogados estavam a serviço da facção criminosa. Segundo informações, o MPMS (Ministério Público Estadual) investigou por cerca de 15 meses e foi possível descobrir investidas tímidas no Estado, para estruturar e expandir a facção em Mato Grosso do Sul.
Ao todo, foram cumpridos 92 mandados de prisão preventiva e 38 mandados de busca e apreensão, em Campo Grande, Ponta Porã, Coxim, Dourados, Rio Brilhante, Sonora, São Gabriel do Oeste, Rio Verde de Mato Grosso e Dois Irmãos do Buriti, além do Rio de Janeiro, Goiânia, Brasília, Paulo de Faria, Várzea Grande, Cuiabá, Sinop, Cáceres, Marcelândia, Primavera do Leste, Vila Bela da Santíssima Trindade e Mirassol d’Oeste, no Mato Grosso.
O uso de celulares e as ações de “pombo-correio” feitas por advogados que integravam a facção – os gravatas – permitiam o contato entre os faccionados presos e seus comparsas em liberdade, a fim de traçar o planejamento de crimes como roubos, tráfico de drogas e comércio de armas, que foram reiteradamente praticados e comprovados durante a investigação, cujo proveito serviu para o fortalecimento do Comando Vermelho MS.
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