Um dos acusados da morte de Wesner Moreira, em 2017, em um lava-jato, em Campo Grande, Thiago Giovanni Demarco Sena, disse que não sabia do perigo e muito menos que a mangueira poderia matar. O julgamento acontece seis anos depois da morte de Wesner.

Thiago disse que foi uma ‘brincadeira idiota’ e que várias brincadeiras eram feitas entre os três no lava-jato. Thiago chorou durante a explicação dizendo que quando percebeu que Wesner estava passando mal o levou para uma unidade de saúde pedindo para o médico salvar o jovem.

Ele contou que, no dia, estava embaixo de um carro quando percebeu Willian e Wesner saindo do banheiro abraçados e que Willian disse que a vítima tinha jogado ar nele dentro do banheiro. Em seguida, Thiago teria saído debaixo do carro e com a mangueira em mãos colocado em Wesner.

Wesner começou a gritar dizendo que estava sentindo dor, e neste momento, Thiago teria parado com a ‘brincadeira’. Quando levantaram a camiseta de Wesner viram que a barriga dele estava inchada e ele passou a golfar. 

“Já estava desabando meu mundo e ele morreu”, disse Thiago que ainda relatou ter pedido perdão à mãe de Wesner na época do crime, reafirmando o pedido nesta quinta na frente dos jurados. 

A mãe de Wesner falou ao Midiamax que não aceita o pedido que não foi feito de coração, e sim, porque eles estão com medo do que pode acontecer. “Quem sabe depois que pagarem pelo que fizeram”, falou Marisilva. 

45 quilos de pressão ar mataram Wesner

Segundo o perito Marco Antônio, ele foi chamado no dia anterior à morte de Wesner pelo delegado da época, Paulo Lauretto, ao hospital e quando chegou a vítima estava vomitando sangue e já tinha passado por uma cirurgia. “Quando se tem a ruptura do esôfago é 100% fatal”, disse o perito.

Ele ainda afirmou que a pressão exercida pela mangueira foi de 90 psi de pressão, o que significa 45 quilos de pressão de ar entrando no corpo, o que rompeu vários órgãos de Wesner. “O resultado final da força do ar que matou Wesner”, falou Marco Antônio.

Segundo o perito, se Wesner estivesse vestido, o ar iria bater na roupa e tomar outra direção. A lesão resultou em deslocamento de ar em alta velocidade, resultando em um barotrauma. 

Para explicar a brutalidade e força do ar, o perito deu um exemplo de que se a mangueira de compressão tivesse sido colocada perto do rosto a uma velocidade de 15 psi arrancaria o globo ocular de uma pessoa. 

O promotor no final disse para todos no plenário: “compressor de ar não é brinquedo, é material de trabalho”. A dupla é julgada por homicídio com dolo eventual por causa do risco de morte, sendo que sabiam da força da mangueira.