Morte de Rosinaldo foi vingança após flagra de ‘beijo’ em criança e ninguém foi preso

Rosinaldo de Andrade Messias, 41 anos, foi assassinado na noite do dia 23 de novembro de 2021 em Itaquiraí, a 402 km de Campo Grande, logo após ser gravado beijando uma criança de 6 anos. O crime aconteceu cerca de dois dias após o vídeo ser distribuído nas redes sociais. Rosinaldo estava em um passeio de barco junto de outras pessoas.

Duas pessoas, suspeitas de terem cometido o crime, foram identificadas, mas a Justiça não deferiu as prisões. O delegado responsável pelo caso, na época, pediu medidas cautelares para os autores, mas também foram indeferidas pelo juiz.

“Como a comunidade aprovou o que aconteceu, porque se sentiu, de uma certa forma, ‘vingada’ pelo que ele havia feito, as testemunhas que presenciaram a morte não revelaram nada”, comentou o delegado Eduardo Lucena sobre a dificuldade em solucionar o caso.

Ela ainda contou que estavam todos embriagados na lancha e postou o vídeo no status do seu WhatsApp, que acabou sendo compartilhado por outras pessoas.

Já no dia seguinte, 22 de novembro, as imagens viralizaram e, após isso, Rosinaldo passou a receber várias ameaças de morte. Dois dias depois, o casal foi levado até a delegacia, onde prestou depoimento e foi liberado, já que não havia flagrante.

O delegado chegou a representar pela prisão preventiva, mas Rosinaldo acabou morto antes que pudesse ser deferida.

Depoimentos

Em depoimento especial, a menina que aparece sendo abusada no vídeo não relatou nenhum outro abuso anterior por parte de Rosinaldo.

No dia em que foi assassinado, Rosinaldo teve uma discussão com a esposa, pois havia indícios de que a criança em outra ocasião teria sido abusada pelo padrasto.

Segundo o depoimento da menina de 12 anos, irmã da mãe da criança, no dia do crime ela ouviu o casal discutindo por causa do vídeo — que acabou viralizando — dele beijando a criança durante o passeio de barco. De acordo com a adolescente, Rosinaldo teria dito à esposa: “Não, isso é normal. O que é que tem?”

Presbítero conseguiu passeio de barco

O ex-presbítero que foi o responsável por conseguir o passeio de barco para a família prestou depoimento na delegacia, assim como o piloteiro que disse que o passeio não durou mais do que 2 minutos.

O ex-presbítero era amigo do casal recentemente. Ele disse que não conhecia muito bem Rosinaldo e a namorada, mas que nunca tinha reparado nada anormal entre o homem e as enteadas — meninas de 1, 6 e 12 anos.

No entanto, a testemunha chegou a dizer que Rosinaldo era “muito carinhoso” com as crianças, mas nunca tinha visto comportamento diferente. As meninas foram afastadas do convívio e levadas para um abrigo pelo Conselho Tutelar, onde permanecem até segunda ordem Judicial.

Assassinato

A mulher de Rosinaldo contou que, no dia do crime, os dois estavam em casa e o marido ao telefone, sendo que ela ouviu chamarem no portão e em seguida o criminoso entrou, chutou a porta e fez o disparo contra a vítima que morreu no local.

Com medo, a mulher fugiu e se escondeu em uma casa abandonada na região, sendo localizada pelos policiais e levada para a delegacia. Ninguém foi visto saindo da casa após o crime. Reforço policial teve de ser acionado após vários populares terem ido ao local para queimarem a casa e o corpo que estava na residência.