Após a defesa de Clarice Silvestre tentar derrubar as qualificadoras de motivo torpe para o assassinato cometido pela massagista contra o chargista Marco Antônio Borges, de 54 anos, não foi aceita pela Justiça que afirmou ‘sofrimento exacerbado, prologamento da dor’.

O desembargador Paschoal Carmello Leandro no último dia 21 de fevereiro deste ano, derrubou a tese da defesa de que o ciúme é um sentimento comum de qualquer relacionamento, e que nesse caso se derruba qualquer torpeza em relação ao crime cometido. A defesa ainda alegou que o homicídio, na realidade, foi cometido por uma discussão entre eles. O que segundo o pedido afastaria, inclusive, a qualificadora que dificultou a defesa da vítima.

Mas, segundo a decisão da Justiça Clarice cometeu o crime com recurso que dificultou a defesa da vítima, com extrema crueldade para causar sofrimento exacerbado prologando a sua dor. Foram desferidas contra Marco várias facadas e mais de 10 minutos, o  chargista ficou agonizando até a sua morte. 

Ainda na decisão do magistrado, ele relata que “não há falar em falta de justa causa ou ausência de fundamentação das qualificadoras do motivo torpe e do recurso que dificultou a defesa da vítima, haja vista que, pelos elementos probatórios angariados nos autos, há indícios suficientes para pronúncia das mencionadas qualificadoras, cabendo a decisão final ao conselho de sentença, como perfeitamente fundamentado na decisão recorrida.”

Tentativa de pena menor

Com o afastamento das qualificadoras, a pena de Clarice seria menor ao ir a juri popular. A pena poderia ser reduzida em até 1/6 da sentença aplicada à massagista. Clarice foi denunciada por homicídio triplamente qualificado, por meio cruel, motivo torpe e recurso que dificultou a defesa da vítima, além da destruição e ocultação de cadáver. 

“Em síntese, se ré e vítima mantinham relacionamento amoroso e se houve entre ambos discussão sobre esse relacionamento, qualquer plus a mais para acrescer a carga acusatória deve ancorar-se em algo extraordinário, circunstância que não se verifica na própria narrativa da denúncia”, falou a defesa.

‘Limpei sangue porque tinha clientes’

Em um trecho de seu depoimento ao delegado Carlos Delano, titular da DEH (Delegacia Especializada de Homicídios), Clarice se mostra mais preocupada em limpar o sangue da vítima, que havia sujado a sua casa, do que com o crime que havia acabado de cometer. Quando o delegado questiona Clarice sobre as facadas, ela responde que deixou Marco gemendo e foi ver a parede que tinha sujado de sangue: “Espirrou sangue na minha parede, aí eu peguei e cobri ele com lençol, aí fui limpar minha parede porque tinha um cliente aquele dia”.

O delegado ainda perguntou se quando ela limpava a parede, o chargista ainda respirava, e Clarice disse que sim, mas que estava quietinho. Em outro trecho, o filho de Clarice, João Victor Silvestre de Azevedo, fala que enquanto cortava as partes do corpo do chargista, sua mãe estava limpando o carpete, o chão e as paredes onde havia espirrado sangue.

Em nenhum trecho do depoimento, a massagista se mostrou arrependida, apenas tentando afirmar que empurrou e matou Marco porque ele deu dois tapas nela. Assim, levada por um momento de fúria foi até a cozinha e com uma faca desferiu os golpes no chargista, que estava nu quando foi atacado.