PM que recebeu R$ 22 mil em dois meses para deixar droga entrar na Máxima tem liberdade negada
Ele está preso desde abril
Renata Portela –
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Nesta segunda-feira (27), foi negado pedido de revogação da prisão preventiva do sargento Aguinaldo Medina, da PMMS (Polícia Militar de Mato Grosso do Sul). Ele é réu por corrupção ativa, tráfico de drogas e associação para o tráfico, acusado de receber propina para ‘deixar’ que droga fosse arremessada no Presídio de Segurança Máxima de Campo Grande.
Conforme a peça, o pedido de liberdade foi feito sob alegação de que não há mais fundamentos para manutenção da prisão preventiva e também que o réu tem condições favoráveis — tais como residência e emprego fixos, bom relacionamento social e que não ostenta condenações.
Na decisão, o juiz Alexandre Antunes da Silva, da Auditoria Militar, pontuou que não houve alteração quanto ao recebimento da denúncia e que deve ser mantida a prisão para garantia da ordem pública, conveniência da instrução criminal e exigência para manutenção das normas ou princípios de disciplina militares.
Sobre a garantia da ordem, o juiz esclarece: “Este judicante adota o entendimento dos tribunais superiores, no sentido de que a simples circunstância de policiais militares associarem-se para o fim criminoso da traficância de entorpecentes e crimes correlacionados por si só tem o condão de abalar a ordem pública”.
Assim, foi indeferido o pedido de revogação da prisão preventiva do acusado, que passou por audiência e foi interrogado no último dia 20 de junho.
PM deixava droga entrar na Máxima
A denúncia oferecida pelo MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul) mostra que o esquema montado por Medina foi descoberto após a prisão de Gleisson Rogers Araújo da Silveira, em janeiro, por um homicídio cometido dias antes. Na prisão, os policiais militares encontraram porções de maconha enroladas como bolas.
Gleisson confessou que a droga seria arremessada para dentro da Máxima. Para isso, havia uma espécie de acerto com os policiais que trabalhavam nas muralhas, para que fizessem vista grossa. No dia 6 de janeiro, ele já teria pago R$ 1 mil para Medina, por meio de Pix.
Os militares levaram os fatos ao conhecimento da Seção de Investigação e Inteligência da Corregedoria. Assim, foi identificado que Medina trabalhava no Batalhão de Guarda e Escolta, confirmando as informações de Gleisson.
Sargento recebeu Pix de criminosos
Foi solicitada judicialmente a quebra do sigilo bancário do sargento, sendo analisado o período entre 1º de dezembro de 2021 e 31 de janeiro de 2022. Ao todo, foram R$ 22.650,55 recebidos só neste período, por pessoas ligadas ao sistema prisional de Campo Grande.
Detalhado pelo MPMS, constam depósitos feitos por uma só pessoa, de R$ 800 e R$ 400 no dia 1º de dezembro de 2021. No dia seguinte, Pix de R$ 1 mil. Já no dia 6 daquele mês foram depósitos de R$ 700 e R$ 500,55. No dia 14, dois Pix de R$ 1 mil e um de R$ 500. Em 6 de janeiro, mais um Pix de R$ 6 mil.
No entanto, ainda havia várias outras transferências, feitas por outras pessoas ligadas a detentos. Na véspera de Natal, em 24 de dezembro, Medina recebeu na conta bancária R$ 3 mil de uma mulher, ligada a Gleisson. A denúncia aponta várias transferências, que totalizaram os mais de R$ 22 mil.
Ainda é esclarecido que todos os valores recebidos pelo réu, por Pix, foram em datas em que ele cumpria escala de serviço ou que saía do plantão. O MPMS entende que o sargento Medina atuou em coautoria com os traficantes, para que estes arremessassem as drogas para dentro do presídio, recebendo propina para não cumprir sua obrigação de prendê-los.
Por isso, ele foi denunciado pelos crimes de corrupção ativa, tráfico de drogas e associação para o tráfico. A denúncia foi feita em 20 de abril deste ano, recebida em 26 de abril pelo juiz Alexandre Antunes da Silva, da Auditoria Militar.
Os presos envolvidos no esquema de tráfico negaram, em depoimento à Corregedoria da PMMS, que tinham conhecimento das transferências bancárias. Audiência sobre o caso foi agendada para o dia 1º de junho.
O sargento foi preso pela Corregedoria quando saía do trabalho e segue detido no Presídio Militar. Na ocasião, um cabo da PMMS acabou preso em flagrante por crime militar, já que não estava no local de trabalho, e responderá por abandonar o posto de serviço. Na ação da Corregedoria, foram apreendidos celulares e documentos.
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