PCC tinha ‘plano suicida’ para resgatar líderes de presídio federal
Polícia encontrou com advogada de Mato Grosso do Sul detalhes sobre planos de fuga
Thatiana Melo –
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A facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital) tinha três planos arquitetados para fazer o resgate de líderes da organização de penitenciárias federais no país. Na lista dos presos que seriam resgatados estava Marcos Willians Herbas Camacho, o Marcola.
Os planos de resgate com códigos foram quebrados em fevereiro de 2021, logo após a advogada de Três Lagoas, presa na operação Anjos da Guarda, sair de uma visita a um de seus clientes, Edras Augusto do Nascimento Júnior, uma das lideranças do PCC, que estava encarcerado na penitenciária federal de Campo Grande.
A advogada de Três Lagoas, que estava com os códigos, foi presa pela Polícia Federal, no dia 10 de agosto, quando da deflagração da operação, que cumpriu três mandados em Mato Grosso do Sul, sendo 1 de busca e apreensão na Capital e dois em Três Lagoas.
Eram três planos divididos em códigos e o último seria o ‘suicida’. Segundo a Revista Piauí, as anotações estavam no celular da advogada:
“Plano 1 – Código STF. Por que não foi feito? Qual a dificuldade em fazer? Já estão monitorando? Do que precisam para fazer? Tem informações internas e externas da unidade.”
“Plano 2 – Sequência – Código STJ. Sequestrar diretor-geral e chefe de segurança. Família deles. Fazer o cativeiro em outro estado. Se o Ciro [Marcola] não sair, elimina. Renato Gomes Vaz – Diretor; Rodrigo Campos Porto – Chefe. Não adianta pegar Depen. Se for preciso pega agente penitenciária de Brasília.”
“Plano 3 – Suicida. Em 8 meses, se o STF e o STJ não for concluído [sic], o Ciro [Marcola] vai executar plano suicida dentro do sistema PF [penitenciário federal]. […] Atenção sócio Tuta, Bulgari, Colorido, Siariba, Maguila, Deva. Durante 10 meses tirou o banho de sol com Ciro [Marcola] e durante esse tempo recebeu instruções para passar aqui fora.[…] O plano do STF e STJ já precisa estar em andamento. Está só aguardando resultado. Bulgari e Ciro pediram atenção nisso. Pediram advogado toda semana para atualizar as informações.”
Os líderes do PCC utilizavam advogados, que eram feitos de pombos-correios para poder dar continuidade às comunicações.
Outro plano de fuga de Marcola
Em 2014, foi detectado pelo governo paulista o primeiro plano de fuga de Marcola: dois helicópteros blindados, camuflados com as cores das aeronaves da Polícia Militar, pousariam na penitenciária de Presidente Venceslau, no extremo Oeste do estado, com uma cesta de resgate.
Quatro anos depois, o PCC investiu 100 milhões de reais na contratação de mercenários estrangeiros e na compra de dois helicópteros, lança-mísseis e metralhadoras para invadir a mesma penitenciária do interior paulista – o plano só foi frustrado por ter sido descoberto antes pelo governo de São Paulo. Por conta do plano, Marcola foi transferido para a penitenciária federal de Brasília no início de 2019. O que não impediu que continuasse a tramar sua fuga por meio dos “gravatas”, como o PCC denomina os advogados a serviço da facção.
Plano de resgate de líderes
Foi descoberto plano de resgate de líderes do PCC, encarcerados nas penitenciárias federais de Brasília e Porto Velho. Conforme a investigação, a facção planejava até sequestrar autoridades dos estados para negociar a soltura de algumas lideranças do crime.
Entre os presos beneficiados com o plano de resgate está Marcos Willians Herbas Camacho, o Marcola, que foi transferido de Brasília para a capital de Rondônia em março deste ano. O plano contava com uma rede de comunicação estabelecida entre advogados para transmitir tanto as cobranças dos custodiados quanto os retornos das mensagens dos criminosos envolvidos no resgate.
Os investigados aproveitavam os atendimentos e as visitas em parlatório, usando códigos para a comunicação. Ainda segundo a investigação, quatro advogados ligados ao PCC acabaram presos. Além do provável resgate dos presos, a organização criminosa pretendia sequestrar autoridades para conseguir a soltura.
Confira outros nomes de alvos de resgate
Reinaldo Teixeira dos Santos, o Funchal, condenado pela morte do juiz Antônio José Machado Dias, em março de 2003, em Presidente Prudente, a mando do PCC; Valdeci Alves dos Santos, o Colorido; Esdras Augusto do Nascimento Júnior; e Edmar dos Santos, o Quirino.
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