Órgão da CNBB desmente versão oficial e diz que ação da PM com morte de indígena em MS foi ilegal

Desde o dia 19 de junho, a aldeia pedia apoio na retomada

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Equipes do Choque na região de Amambai – Foto: Leitor Midiamax

Após os conflitos na região de Amambai, a 352 quilômetros de Campo Grande, entre indígenas e fazendeiros resultando na morte de Vitor Fernandes, de 42 anos, e outros feridos, o Cimi (Conselho Indigenista Missionário) em nota desmentiu a versão da ação policial, que supostamente teria ido ao local para atender uma denúncia de tráfico de drogas.

Em nota, o Cimi que é ligado a CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), relata que “A ação de despejo, sem mandado judicial e realizada por um grande contingente de policiais da tropa de choque da PM (Polícia Militar) de Amambai, resultou no assassinato de Vitor, indígena Guarani Kaiowá de 42 anos, e deixou pelo menos outros nove feridos por armas de fogo e projéteis de borracha, alguns com gravidade.”

Ainda segundo a nota, a ação teria sido truculenta com policiais usando armas letais e não letais, e ainda com uso de helicóptero, atirando contra crianças e idosos, sendo que um dos feridos estaria internado na UTI (Unidade de Terapia Intensiva) do hospital de Ponta Porã, após ser ferido a tiros na cabeça. A ação teria sido ilegal e ainda durante o sábado (25), as lideranças indígenas buscavam por mais feridos e mortos.

“A justificativa apresentada pela Secretaria de Segurança Pública do estado, em entrevista coletiva sobre o caso, reproduz uma série de preconceitos contra os povos indígenas e não encontra respaldo na realidade dos fatos.”, diz a nota que rebateu a informação dada pelo secretário de Justiça, que a ida dos policiais seria por denúncia de tráfico de drogas.

Em coletiva na sexta-feira (24), o secretário da Sejusp (Secretaria de Estado e Justiça e Segurança Pública), Antônio Carlos Videira, disse que os policiais teriam ido até o local para reforçar a segurança depois de denúncias de tráfico de drogas. “Tem muitas pessoas do tráfico em Amambai, por isso, reforçamos a segurança e acionamos o Choque”, disse o secretário em coletiva.

O episódio acorreu dias depois, do apoio popular a militares do Choque que tiveram pedidos de prisão feitos pelo MPMS (Ministério Público Estadual), em uma ação que também envolvia tráfico de drogas.

Ainda na nota, o Cimi manifesta-se contrário a criminalização das vítimas, “O Cimi manifesta-se contra qualquer tentativa de criminalização das vítimas deste ataque e conclama as autoridades e o Ministério Público Federal a tomar ações urgentes e efetivas para salvaguardar a vida das comunidades Guarani e Kaiowá. É necessário que a Polícia Federal assuma as investigações sobre o caso, com a atuação de um corpo de delegados e peritos federais de fora do estado, para garantir maior isenção.”

Pedido de ajuda

Desde o dia 19 de junho, aldeia indígena de Amambai, pede apoio para providências na área de retomada, por questões de conflitos internos. Os problemas antecederam a retomada a uma propriedade rural no dia 23 deste mês e conflito com policiais militares, que resultou na morte do indígena Vitor Fernandes, de 42 anos.

Em um primeiro ofício, datado de 19 de junho, o pedido de apoio é sob alegação de que há situações de agressividade e violência na retomada das terras. “Há muitos menores de idade correndo risco de vida, bêbados e muitos aproveitam o conflito e andam com armas brancas e com facão, lanças, fechando as estradas que a comunidade utiliza”, diz trecho do ofício.

Já no dia 23, marco das primeiras invasões na Fazenda Borda da Mata, ofício foi encaminhado para a Funai (Fundação Nacional do Índio), MPF (Ministério Público) e Sejusp (Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública). No pedido, foi reforçada a situação de conflito interno na aldeia.

Ainda foi ressaltado que alguns envolvidos na retomada estavam agindo com agressividade e que deram tiros com armas de fogo em direção à sede da fazenda. “As lideranças temem que os fazendeiros ataquem os indígenas e que saia alguém ferido, pois no local está ficando tenso”.

Foi solicitado novamente apoio e tomada de providência para resguardar a vida dos indígenas. “Declaramos que não compactuamos com esse tipo de violência dentro da aldeia”, cita o documento.

Indígenas deixaram a fazenda após conflito

Ainda foi ressaltado que alguns envolvidos na retomada estavam agindo com agressividade e que deram tiros com armas de fogo em direção à sede da fazenda. “As lideranças temem que os fazendeiros ataquem os indígenas e que saia alguém ferido, pois no local está ficando tenso”.

Foi solicitado novamente apoio e tomada de providência para resguardar a vida dos indígenas. “Declaramos que não compactuamos com esse tipo de violência dentro da aldeia”, cita o documento.

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