Mais um caso de violência contra motorista de aplicativo foi registrado em Campo Grande. Dessa vez, a vítima, de 49 anos, foi sequestrada na madrugada desta quinta-feira (27) depois de terminar uma corrida no Bairro Universitário, em Campo Grande.

A violência conta motoristas começou por volta de 2017, ano seguinte em que a plataforma começou a operar na cidade. A questão do aplicativo autorizar o recebimento de dinheiro em espécie também tem contribuído para que os profissionais passassem a ser visados pelos criminosos.

Trabalhando como motorista há 12 anos, Anderson Cleiton Lopes lamenta que a criminalidade tenha aumentado. “Infelizmente a nossa profissão é visada. Estamos vulneráveis, em especial por aqueles que querem dinheiro rápido e fácil para drogas. O medo existe. Não é inteligente o profissional que trabalha sem medo. Se você teme pela sua vida, procura fazer coisas para evitar”, explica.

Segundo ele, há sempre uma lista de locais considerados perigosos e que se possível tentar evitar embarcar nesses locais. “Ou quando vai em um local embarcar, percebe uma movimentação estranha. É melhor deixar de embarcar do que pagar pra ver”, conta, dizendo ainda que nesses bairros considerados perigosos, há pessoas de bem, porém que acabam pagando pelas atitudes de outros.

Para Fuad Salamene Neto, a onda também de desemprego e aumento do preço de vários itens essenciais contribuiu para que os assaltos ficassem constantes. Ele reclama que a categoria não tem auxilio dos órgãos públicos.

“O problema que se evitarmos andar sem dinheiro a agressão é maior ainda”, relata.

Segundo o presidente da APPLIC-MS, Paulo Pinheiro, os crimes têm se tornando corriqueiros desde 2017. “A partir do momento que liberou receber o valor das corridas em espécie aumentou muito a questão de assalto, antes era só no cartão”, explicou.

Ele conta que a APPLC-MS já se reuniu diversas vezes com as forças policiais que fizeram ter uma leve queda em relação a violência com os motoristas e passageiros, mas que a associação vai intensificar a cobrança por mais segurança. “

De acordo com Pinheiro, não há dados de casos de violências contra motoristas, porém afirma que já houve em apenas um mês pelo menos 15 ocorrências, que inclui ferimentos com facas e armas de fogo.

“Vamos buscar essa parceria novamente com mais eficácia. Não adianta prender hoje e soltar amanhã. Vamos nos reunir com o comando da polícia civil, militar e guarda civil, precisamos fazer uma parceria para diminuirmos esse problema tão sério que é a violência contra a nossa categoria”, concluiu.

Dicas de segurança

Segundo o presidente da APPLIC-MS, antes de aceitar uma corrida, ver as informações e as notas de cada passageiro. Veja se a chamada é de terceiros, horário e local da chamada é importante. Se desconfiar, não aceite a corrida. “Para nós o mais importante é a integridade física do nosso profissional, não veja só o valor da corrida, veja se aquela corrida não vai trazer preocupação”, finaliza.

Fuad compartilha como tenta se prevenir. “A medida de segurança que eu possuo é seguro do veículo e rastreamento de empresa de segurança, porém, isso sai uma média de 400 mensal e, muitos motoristas também não tem a malícia de identificar o assalto”, conta.

Anderson que trabalha há anos na profissão também dá dicas para trabalhar mais seguro. “Se possível participar de grupos de motoristas para trocar informações, investir em câmeras que gravem o percurso. Tentar detectar a intenção do passageiro. Se não se sentir bem, finalize a corrida antes mesmo de chegar ao fim. Pare em um posto de combustível ou outro lugar de movimento. Só Deus para nos livrar”, conclui.

Caso recente

Um motorista de aplicativo de 49 anos foi sequestrado na madrugada desta quinta-feira (27), em Campo Grande, após terminar uma corrida, no Bairro Universitário. Ele foi colocado dentro do porta-malas do veículo.

Informações são de que o motorista estava terminando uma corrida, quando os bandidos colocaram vários objetos no meio da rua, fazendo uma espécie de barreira para forçar que o veículo parasse. Os bandidos renderam o motorista, o amarraram e colocaram dentro do porta-malas.

O motorista disse que foi ameaçado de morte e que ficou rodando com os bandidos preso no porta-malas. Depois de pelo menos 2 horas, a vítima foi libertada no Bairro Jardim Noroeste. 

Segundo o motorista de aplicativo, os bandidos levaram a sua carteira, três celulares e R$ 500. Não há informações sobre as características dos bandidos.