Oito meses após feminicídio, ex-militar da Aeronáutica vai a julgamento por morte de Natalin

Tamerson levou enteada na escola com o corpo de Natalin no porta-malas

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Tamerson vai a júri por morte de Natalin – Reprodução/Arquivo

Tamerson Ribeiro de Lima Souza, de 32 anos, acusado de matar a esposa Natalin Nara Garcia de Freitas Maia, de 22 anos, asfixiada em fevereiro deste ano, deverá ser julgado nesta quarta-feira (5), pelo feminicídio qualificado por motivo torpe, além da ocultação de cadáver. O julgamento acontece, oito meses após o crime, no Tribunal do Júri, às 8h, em Campo Grande.

O motivo torpe que será julgado no crime de feminicídio é a presença de descendente e emprego de asfixia.

O ex-militar da Aeronáutica, em interrogatório, disse que estava arrependido do crime e alegou que a morte da esposa foi um acidente, pois tentava conter a jovem, que estaria descontrolada e quebrando móveis da casa enquanto estava embriagada. Segundo o advogado do réu, João Ricardo, Tamerson tentou contê-la aplicando um golpe para que ela parasse com as agressões e que não quebrasse os móveis da residência do casal, que fica na Rua Dorothea de Oliveira, no Residencial Oliveira.

Apesar de manter o depoimento desde o início das investigações, o ex-militar chegou a forjar conversas enviando mensagens para seu psicólogo e dizendo que foi ‘abandonado’ pela vítima, além de no dia do crime conversar com amigas da mulher por meio de aplicativo se passando por ela.

Em depoimento, a avó de Natalin relatou que no final de 2021 a jovem pediu para dormir com ela e, naquela noite, confidenciou que o casamento não ia bem. “Ele está me maltratando, me machucando, tenho medo”, teria dito Natalin para a vó. Ainda segundo a testemunha, a neta contou que, se prestasse queixa, Tamerson a mataria.

Tamerson resetou o celular da esposa e o anunciou no Facebook pelo valor de R$ 3 mil. O militar ainda diz que ‘estava no seu limite’, que era constantemente humilhado pela esposa, e que cuidava sozinho da menina, que não era sua filha. O militar ainda revelou que o casal estava frequentando terapia de casal, e que há cinco meses não mantinham relação sexual.  

Feminicídio

O crime aconteceu na madrugada do dia 4 de fevereiro, na residência do casal, no Residencial Oliveira. Conforme a denúncia do MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul), Tamerson e Natalin conviviam maritalmente há quatro anos e tinham uma filha. Naquele dia, a vítima chegou em casa de madrugada e o casal teve uma discussão, quando Tamerson estrangulou a esposa com os braços, em um golpe de ‘mata-leão’.

Natalin foi morta por asfixia mecânica. A filha do casal esteve na residência todo o tempo durante o crime. Tamerson então enrolou o corpo da esposa em um lençol e colocou no porta-malas do carro. Na manhã seguinte, ele ainda levou a filha de apenas 4 anos para a escola, com o corpo da mãe no veículo.

Depois, dirigiu até a Rodovia BR-060, onde desovou o corpo da esposa em um matagal. Ele foi denunciado pelo feminicídio qualificado pelo motivo torpe, na presença de descendente e emprego de asfixia, além da ocultação de cadáver. A denúncia foi recebida pelo juiz Aluizio Pereira dos Santos, da 2ª Vara do Tribunal do Júri.

Tamerson esteve preso na Base Aérea de Campo Grande, quando foi detido em flagrante após o corpo de Natalin ser encontrado, mas foi transferido ao presídio após a exclusão da FAB.

Exclusão da Força Áerea

Tamerson foi excluído das fileiras da FAB (Força Aérea Brasileira), em decisão a processo administrativo do Conselho de Disciplina. A decisão foi publicada no fim de junho e o pedido de transferência para um presídio comum foi deferido no mês passado.

Preso por assassinar a esposa Natalin Nara na madrugada de 4 de fevereiro deste ano, Tamerson estava detido na Base Aérea de Campo Grande, já que era militar. Em ofício, o comandante, brigadeiro do ar Clauco Fernando Vieira Rossetto, comunicou a exclusão do réu das fileiras da FAB.

Ainda de acordo com o ofício, Tamerson foi excluído a bem da disciplina, perdendo o direito de responder ao processo preso na Base Aérea. Sendo assim, foi solicitado traslado para um presídio comum e o pedido foi deferido pelo juiz Aluizio dos Santos Pereira, da 2ª Vara do Tribunal do Júri.

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