Morto a tiros, ‘Edinho Cadeirante’ liderava tribunais do crime do PCC em MS

Pelo menos 20 tiros foram disparados contra Edinho, que morreu na hora

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(Foto: Reprodução/ Adalberto Domingos)

Edson de Souza Alencar, de 45 anos – conhecido como ‘Edinho Cadeirante – assassinado a tiros na madrugada deste domingo (10), em Dourados, cidade a 225 quilômetros da Capital, é acusado de ser uma das principais lideranças da facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital) em Dourados. Ele foi denunciado por participar de pelo menos dois tribunais do crime.

Edson foi acusado de ser o mandante do homicídio de Vagner Sebastião dos Santos Haak, encontrado morto no Bairro Cachoeirinha, em Dourados, no dia 18 de abril de 2019. Na denúncia do MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul) consta que Edson seria integrante do PCC (Primeiro Comando da Capital) e mandante do homicídio.

Além disso, ele é acusado de exercer a função de “geral da cidade”, e ter participado do ‘tribunal do crime’ que terminou com a morte de Vagner. O laudo pericial constatou que a vítima morreu por estrangulamento de uma corda e que o corpo apresentava sinais de ter sido submetido a torturas.

Também no mesmo mês de abril de 2019, Edson foi preso junto a outros integrantes da facção em um imóvel onde, segundo denúncia do MPMS, aconteceria outro tribunal do crime do PCC. Quando a Polícia Militar chegou ao local, encontrou Edson jogando um caderno ao chão, que funcionava como uma espécie de “ata da reunião”. No cabeçalho estava escrito “Eu Bidala Geral da cidade, descolei até o Canaã I p/ ouvir a vítima”.

Conforme a denúncia, foi constatado que “Edson, conforme se autodenominou, consiste numa espécie de autoridade da organização criminosa PCC, responsável por fiscalizar e punir os membros do grupo, além de coagir pessoas a praticarem atos de interesse da facção criminosa”.

Segundo inquérito policial à época, duas mulheres que participavam do Tribunal do Crime, na chegada da polícia, admitiram que estava ocorrendo uma “reunião” sobre o namoro de uma das menores de idade que estavam na casa, e um possível crime de estupro de vulnerável, enquanto discutiam se o relacionamento tinha sido autorizado ou não pelos pais da menor.

Em maio de 2007, Edson foi preso em flagrante junto a um comparsa por tráfico de drogas e associação para o tráfico. Os dois estavam em uma motocicleta, por volta das 22h40, estacionada às margens da rodovia que liga Itaporã a Dourados, quando foram abordados por policiais militares. Eles alegaram que a gasolina havia acabado, mas ao lado da moto estava um pacote de arroz. No interior, havia dois tabletes que os militares desconfiaram se tratar de maconha.

(Foto: Reprodução/ Adilson Domingos)

Questionados, Edson e o comparsa negaram que era droga e disseram que foram até a cidade “atrás de garotas de programa”. Com Edson foram apreendidos documentos de dois veículos, um carro e uma moto, sendo que a moto estava no nome da esposa de um conhecido fornecedor de entorpecentes de Dourados. O comparsa alegou que havia sido convidado por Edson para ir até a cidade.

Eles receberam voz de prisão e, durante a confecção da ocorrência, a proprietária da moto chegou dizendo que havia emprestado o veículo para Edson. A esposa do outro preso também chegou ao local, o que levantou suspeita para os policiais, pois nenhum deles havia sido notificado sobre a prisão da dupla.

No dia 22 de abril de 2019, investigações do DOF (Departamento de Operações de Fronteira) identificaram nove suspeitos de participação no homicídio. Um dia antes, a prisão em flagrante de Edson havia sido convertida em prisão preventiva, com o argumento da garantia da ordem pública, por serem, em tese, do PCC e para a prevenção de novos crimes.

Entretanto, no dia 4 de fevereiro de 2020, Edson teve concedido liberdade provisória, com o argumento da defesa de que não foi comprovado que ele era membro do PCC, e que na data do crime Edinho estava preso em uma das celas do 1º DP de Dourados, acusado de associação criminosa. Além disso, os outros réus teriam afirmado não conhecer Edson.

(Foto: Reprodução/ Adalberto Domingos)

Máscara como marca registrada

Conforme o Dourados Informa, Edson estava em frente a um bar localizado na Avenida Hayel Bon Faker, quando dois autores chegaram em uma motocicleta preta e efetuaram os disparos.

O piloto e o garupa teriam descido da moto para disparar, a queima roupa. Edinho estaria junto a sua esposa, e testemunhas disseram que ele a empurrou para que não fosse atingida pelos tiros.

Segundo as testemunhas, foram efetuados mais de 20 disparos de pistola calibre 9 mm. Edson tinha diversas passagens pela polícia e era conhecido por colocar uma máscara como marca, em todos os veículos que possuía. As polícias civil e militar, além da perícia, estiveram no local e a autoria é apurada.

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