Em depoimento sobre o caso da mulher que teve 90% do corpo queimado pelo marido, uma testemunha afirmou que os filhos da vítima, de seis e dez anos de idade, contaram que o pai pediu segredo sobre o crime. As crianças, que teriam presenciado o fato, tinham receio que o homem fosse preso. Na segunda, a justiça concedeu medida protetiva que proíbe a aproximação ou o contato do homem com as crianças e familiares.
“Minha mãe te contou?”, perguntou a menina de 10 anos para a testemunha após o incêndio. A pessoa teria dito que sim, então a garota pediu que não denunciasse o pai por medo que ele fosse preso. “‘Minha mãe e meu pai fez nós (referindo-se ao irmão) prometer que não iríamos contar para ninguém’ aos prantos a menina pediu: ‘promete que não vai contar para ninguém para meu pai não ir preso, minha mãe prometeu que não ia contar para ninguém, ela não poderia ter contado’, os irmão então choraram”, contou a testemunha no depoimento.
Ainda conforme o que foi relatado, enquanto estava na unidade de saúde após o incêndio, ela teria questionado à vítima sobre o que tinha acontecido. Depois de insistir, a mulher que teve 90% do corpo queimado teria afirmado: “Foi ele! Mas não fala a verdade não; o que vai ser das crianças se ele for preso?” A testemunha disse que precisava fazer algo e Pamela afirmou que negaria o que tinha acontecido.
Incêndio
De acordo com a testemunha que foi ouvida, após o incêndio em 21 de julho que deixou Pamela com 90% do corpo queimado, em Rochedo, a 83 km de Campo Grande, a mulher foi imediatamente levada para uma unidade de saúde no município, enquanto o marido ficou na residência em que o casal morava tentando apagar as chamas.
Ele foi até o local para tratar uma queimadura no braço. Ao ser questionado por que somente Pamela teria se ferido gravemente, ele disse que “ela estava tentando apagar o fogo” e que o fato foi “um acidente”. O profissional que atendeu o homem teria dito: “impossível ter sido acidente e ter acontecido tudo aquilo com Pamela e você somente queimar o braço”.
Pamela foi transferida para a Santa Casa de Campo Grande devido à gravidade dos ferimentos e morreu em 22 de agosto, 31 dias após o incêndio. Testemunhas do caso serão ouvidas hoje na Deam (Delegacia de Atendimento à Mulher). O casal estava junto há 11 anos e tinha dois filhos.
