Líderes do PCC que comandavam facção da Máxima são condenados em Campo Grande

Eles foram alvos da Operação Ponto Cego, que resultou na denúncia de 5 criminosos

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Integrantes da facção foram alvos da Operação Ponto Cego
Integrantes da facção foram alvos da Operação Ponto Cego

Cinco integrantes do PCC (Primeiro Comando da Capital), entre eles dois réus apontados como lideranças, foram condenados. Eles foram alvos da Operação Ponto Cego, que cumpriu 54 mandados contra a facção criminosa em Mato Grosso do Sul, em 7 de julho de 2020.

Conforme publicado no Diário da Justiça desta quarta-feira (2), foram condenados Douglas Gonçalves da Silva, Rodrigo Vieira Cristaldo, André Jorge Alvares, Luana Regina Raul Espinosa e Eberson de Oliveira Silva. Eles respondem pelo artigo 2º da Lei nº 12.850/2013 — promover, constituir, financiar ou integrar, pessoalmente ou por interposta pessoa, organização criminosa.

Rodrigo e André ainda tinham como agravante as posições de liderança na facção. Douglas, André e Eberson — contra quem ainda há duas condenações em outros processos — foram condenados a 3 anos e 9 meses de reclusão em regime fechado. Já Rodrigo e Luana foram condenados a 3 anos, sendo que apenas Luana cumprirá em regime aberto.

Ao todo, foram 6 denúncias contra os alvos, que tramitam em sigilo, mas o Midiamax teve acesso à peça na qual são citadas lideranças do PCC em Campo Grande. Na estrutura apresentada pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado), é evidenciada a forma como a facção se organiza no Estado.

Não foram identificados todos os integrantes, mas pelo menos 190 faccionados do interior tiveram o apelido, o ‘vulgo’ reconhecido e documentado. Em Campo Grande, a facção atua de forma que a cidade é dividida em 5 regiões, central, zona norte, zona sul, zona leste e zona oeste.

Entre os integrantes apontados como liderança, estão Eder de Barros, o ‘Mistério’, e Leonardo Ortelhado, nomes já noticiados, apontados como autores de crimes envolvendo a facção. Também entre os 40 identificados pelo Gaeco, contra os quais foram cumpridos mandados de prisão, estão autores do homicídio de Maykel Martins Pacheco em 2019.

Denunciados

Na denúncia que trata das lideranças da facção, o Gaeco cita escutas telefônicas que teriam levado até os integrantes. A princípio, parte deles já estava presa antes da operação. Foram denunciados Douglas, Rodrigo e Lucineis Lino dos Santos — absolvido no processo — que estavam presos na Máxima na época.

Também André, que estava na Gameleira. O Gaeco aponta os denunciados como lideranças da facção criminosa, que teriam cargos de gerência na organização criminosa. Entre eles, estariam responsáveis por distribuírem material bélico entre faccionados, tanto para utilizarem em crimes como para comercializarem.

Também responsáveis pelo controle de integrantes, para que cumprissem os deveres, os conhecidos como ‘disciplina’. Além disso, ainda foi apontada pessoa responsável por movimentação financeira do grupo. Namorada de uma das lideranças da facção foi presa e tentou, mais de uma vez, liberdade.

No último pedido, o Gaeco chega a apontar como ela integrava a facção, também que conhecia todos os integrantes e que a liberdade poderia ser uma forma de ela voltar a praticar crimes. Em conversa com o namorado, eles chegam a citar uma matéria do Midiamax.

Na ocasião, o então apontado como disciplina do PCC teria agredido uma pessoa, que registrou boletim de ocorrência contra ele. “Amor, tô no Midiamax, os homens do Choque estão atrás de mim”, diz na mensagem. Também com outras mensagens, o Gaeco pontua a atuação do casal na facção criminosa e a importância de manutenção da prisão da acusada. Os processos tramitam em sigilo.

Estrutura e funções

Segundo o Gaeco, os membros são ordenados hierarquicamente, com divisão clara de tarefas. A cúpula é formada pelo núcleo que chamam de Resumo, composto por integrantes do alto escalão da facção, que supervisionam e definem os rumos da atuação do PCC no Estado, adequando aos interesses e determinações da Sintonia Geral Final, a liderança nacional.

O Resumo é subdividido em Resumo Disciplinar, que faz o controle da disciplina, Resumo Financeiro que controla as finanças e contabilidade da facção, Resumo do Progresso, que controla as atividades criminosas, Resumo da Rifa de controle do auxílio financeiro e Resumo do Cadastro, que controla os integrantes da facção.

Além do Resumo há o núcleo Geral do Estado, que centraliza geograficamente as atividades da facção e assuntos que envolvem o PCC em todo o MS. Estes integrantes são responsáveis por repassarem ao Resumo tudo aquilo que precisa de deliberação superior e também determinam aos quadros inferiores a execução das atividades criminosas.

Neste núcleo também é feita a normatização de conduta dos membros do PCC, controlando e disciplinando os integrantes. Para cada atividade criminosa, o Gaeco identificou que há uma Geral coordenando, seja pelo cargo que tem ou pela localização. Como exemplo foi citado o Geral do Progresso, responsável por coordenar tráfico de drogas, que também é ramificado em setores conforme a droga comercializada.

Além deste também existem o Geral da Rua, que é quem comanda os roubos, latrocínios, furtos, sequestros e execução de membros de facções rivais, Geral das Ferramentas, responsável pelas armas de fogo usadas pelo PCC, Geral do Sistema, que é a liderança dentro do presídio, aquele que controla e disciplina os membros do PCC presos.

Ainda há o Disciplina da Rua, que é aquele que controla os integrantes que estão fora dos presídios para que cumpram seus deveres. Territorialmente o PCC ainda se subdivide em Geral da Regional, Geral da Cidade, Geral da Capital, Geral do Interior e Geral das Comarcas.

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