A Justiça decretou, na manhã desta sexta-feira (14), a prisão preventiva do motorista Charles de Góes Junior, de 32 anos, que atropelou e matou Michelli Alves Custódio, de 36 anos, em frente a sua casa, na madrugada de quinta-feira (13). Outras duas pessoas ficaram feridas no atropelamento.

A decisão foi proferida pelo juiz Francisco Vieira de Andrade Neto. O advogado de defesa, Matheus Alves Mortari, disse ao Jornal Midiamax que ainda não teve tempo de conversar com seu cliente e que ainda irá se reunir com a família de Charles para ver qual estratégia será definida em sua defesa. 

Na manhã de hoje, familiares se despediram de Michelli. O sentimento era de revolta. A irmã de Michelli, Wanessa Plonkoski, de 39 anos, falou ao Jornal Midiamax sobre a revolta que está sentindo pela morte de Michelli de uma forma tão brutal. “Não foi uma fatalidade, foi um crime. Quando ele pegou o volante sabia que não tinha condições de dirigir”, falou. 

Wanessa ainda disse que é a segunda perda da família em 10 meses. O pai das irmãs morreu em janeiro deste ano. “Minha mãe está dilacerada e meus sobrinhos desolados”. A mulher ainda disse que espera por Justiça. 

“Se ele sair pela porta da delegacia vai encher a cara de novo e matar outra pessoa”, falou Wanessa, que contou ter conversado com Michelli por 40 minutos antes do acidente. Na conversa, as duas falaram sobre a formatura da filha de Wanessa, deram risada e disseram uma a outra como se amavam.

Bebeu por 9 horas seguidas

O motorista confessou em depoimento, após a sua prisão na madrugada des quinta-feira (13), que bebeu por cerca de 9 horas seguidas. Ele ainda disse que não se lembrava de ter atingido alguém. Michelli sofreu politraumatismo e os filhos de 8 e 10 anos presenciaram o acidente.

Além de Michelli, o motorista também atropelou uma mulher que conversava com ela na calçada e um pedestre que tentou impedir a fuga. Ambos foram socorridos para a Santa Casa de Campo Grande e seguem internados.

O motorista contou que estava assistindo ao jogo do Corinthians e ingeriu bebidas alcoólicas. Na saída, ele disse que o pneu estourou, o que o fez perder o controle do veículo Renault Sandero. Ele atropelou Michelli e uma mulher transexual, que foi socorrida inconsciente para o hospital pelo Corpo de Bombeiros.

Perícia concluiu que pneu estourou no atropelamento

O relato feito de que o pneu estourou e causou o acidente não é verídico, de acordo com a delegada Joilce Silveira Ramos, que atendeu o local do acidente. A perícia concluiu que o pneu estourou após o acidente. O motorista só parou o carro após o veículo parar de funcionar, uma quadra depois do acidente, e estava em alta velocidade, segundo a delegada.

Ainda durante o depoimento, o motorista disse que não sabia que havia atropelado uma pessoa, e que algo que tinha caído em cima de seu para-brisa dificultou a sua visão, o que resultou no atropelamento, o que também foi questionado pela delegada. “Como que alguém consegue dirigir com algo atrapalhando a sua visão por uma quadra”, disse Joilce.

A delegada o autuou por homicídio doloso por dolo eventual, sem fiança. “As crianças passaram mal ao verem o corpo da mãe no chão. Uma das crianças chegou a vomitar”, disse a delegada.