Juiz determina que policial civil acusado de estuprar detenta em delegacia continue preso
Ele está preso preventivamente em Campo Grande
Renata Portela –
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Ainda na quarta-feira (13) foi decretada a prisão preventiva do policial civil de 41 anos, acusado de estuprar uma mulher de 28 anos que estava detida na Delegacia de Sidrolândia, a 70 quilômetros de Campo Grande. O crime aconteceu na Sala Lilás, destinada ao atendimento humanizado para mulheres.
Os crimes começaram logo no dia em que a mulher foi presa, em 4 de abril. Detida por tráfico de drogas, ela foi levada pelo policial civil até a Sala Lilás, por volta das 19 horas. Na ocasião, a mulher foi estuprada, sem uso de preservativo. Depois, foi levada até um quarto com beliches, onde o crime se repetiu.
O investigador ainda teria dito para a vítima tomar um banho e depois ela foi levada para a cela. Em depoimento, ela contou que estava sozinha e não conhecia ninguém, por isso não contou sobre o crime naquele dia. Segundo a mulher, ela ainda foi ameaçada de morte pelo policial, que disse que, caso ela contasse alguma coisa, ele “iria buscá-la onde quer que fosse para matá-la”.
Durante a semana, por várias vezes o investigador teria retornado até a cela da vítima, onde conversava com ela pelas grades e ‘acariciava’ a detenta, que estava presa preventivamente. Na noite do dia 11, também por volta das 19 horas, novamente o policial retirou a interna da cela e a levou para a Sala Lilás.
Os estupros voltaram a acontecer. A vítima relatou que chegou a implorar para que o crime não acontecesse. Desta vez, ela voltou para a cela chorando. Outros internos questionaram porquê ela chorava e o policial disse que ela estava sentindo saudade dos filhos. Algum tempo depois, a vítima confidenciou para a colega de cela o que tinha acontecido.
Tentou comprar silêncio dos presos
Sabendo que os presos desconfiavam, o policial teria oferecido para eles ‘qualquer coisa’ para comprar o silêncio. Ao que ele disse que sabia o que os internos queriam, saiu e retornou momentos depois com um celular. Ao saberem dos estupros, os presos chamaram outro investigador, do plantão seguinte, dizendo que queriam entregar um celular que estava na cela para a delegada.
A delegada foi chamada, quando os presos entregaram o aparelho e revelaram os estupros sofridos pela detenta. Corregedoria foi acionada e todos os presos, bem como a vítima, foram ouvidos na delegacia. O policial civil foi preso em flagrante na casa onde mora, em Campo Grande, e passou por audiência de custódia nesta quarta-feira, quando foi determinada a prisão preventiva.
O acusado está em uma cela da 3ª Delegacia de Polícia Civil. Já a detenta, vítima do estupro, teve a prisão preventiva revogada também na quarta-feira.
Pedido de liberdade para o policial
Já na quarta-feira, a defesa do policial tinha feito o pedido de liberdade provisória. Após a decretação da prisão preventiva, novo pedido foi feito, já nesta quinta-feira. O juiz Albino Coimbra Neto, da Vara Criminal de Sidrolândia, tinha determinado a prisão por estarem presentes os pressupostos, como prova da materialidade e indícios de autoria.
Os fatos são confirmados pelo que foi registrado na prisão em flagrante, as imagens das câmeras de segurança e os depoimentos das testemunhas e da vítima. O magistrado pontuou a gravidade do delito sexual praticado contra pessoa custodiada pela Justiça, sendo que é servidor público com funções relacionadas à Segurança Pública e estava responsável pela custódia da vítima.
O crime foi cometido durante o exercício da atividade profissional do policial civil. A prisão foi decretada ainda pelo risco de haver novo enfrentamento entre autor e vítima. Agora, é aguardada decisão sobre o novo pedido de liberdade feito pela defesa do acusado.
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