Decisão do juiz Bruno Teixeira, da 3.ª Vara Federal de Campo Grande, transformou em réu um homem que foi flagrado com 3 caixas de aparelhos de ar-condicionado que, na verdade, foram usadas para acondicionar 70,3 kg de cocaína. A carga deixou Corumbá –a 419 km da Capital– inclusive com notas fiscais falsas para simular a venda dos aparelhos.

Conforme inquérito policial que foi apresentado à Justiça Federal, em 3 de agosto deste ano, a Polícia Federal foi acionada sobre a possibilidade de despacho de equipamentos de ar-condicionado que teriam drogas escondidas. Eles seriam levados para Presidente Prudente (SP) em ônibus de uma empresa de transporte interestadual.

A PF realizou vigilância nas imediações do local onde os objetos seriam entregues, quando uma Chevrolet Montana branca chegou com as 3 caixas de aparelhos de ar-condicionado. O homem foi abordado e confessou imediatamente o tráfico de drogas: ele disse que foi contratado para retirar os aparelhos pela manhã em outra empresa de ônibus, onde chegaram de Corumbá, e os deixariam na casa do irmão até o despacho para São Paulo –ele seria remunerado via PIX pelo “serviço”.

Autor tentou assumir a posse dos 70 kg de cocaína

O autor não tinha documentos pessoais, mas confirmou que levaria os 70 kg de cocaína –constatada como cocaína após testes. Ele foi preso em 2017 e cumpria pena em regime aberto. Com ele, estava também o condutor da Montana, levado para a PF, mas que, segundo o autor, não teria envolvimento no crime.

Segundo a denúncia, ele registrou no celular o canhoto do despacho dos aparelhos, mas os teria apagado. Ele ainda teria tentado assumir a propriedade da droga, tendo a escondido e pago R$ 10 mil pelo quilograma. Contudo, não informou onde teria conseguido os R$ 700 mil para a compra dos 70 kg de cocaína ou como estaria precisando de alguém para o transporte.

Sobre os documentos fiscais da “compra” dos aparelhos, ele disse que teria recebido arquivos .PDF no celular e providenciado a impressão para apresentar nas transportadoras. Ele foi preso em flagrante, sendo em seguida convertida a detenção em prisão preventiva. A decisão do juiz foi recebida na quarta-feira (17), dando início ao processo.