A Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher indiciou nesta quarta-feira (26) o homem, de 34 anos, que tentou matar a esposa, de 35 anos, atropelada após discussão no último sábado (22) em Campo Grande.

O homem se apresentou à 1ª Delegacia de Polícia Civil e alegou que o caso foi um acidente. Como não estava em situação flagrancial, ele foi ouvido e liberado.

Conforme a polícia, por volta das 9 horas da manhã, na Rua Querubina Garcia Nogueira, o casal discutiu. Em seguida, a mulher pegou sua motocicleta para ir embora, mas foi perseguida pelo autor que não aceitava o fim do relacionamento.

O homem dirigia um caminhão-guincho e bateu o veículo na motocicleta da vítima, que foi arremessada contra o muro e depois socorrida para a Santa Casa.

O homem fugiu do local e só se apresentou no fim da tarde de segunda-feira (25).

A vítima chegou a ser ouvida ainda no hospital, mas já teve alta médica. Testemunhas do crime estão sendo ouvidas na Deam.

Defesa

De acordo com o que relatou o advogado Pablo Buarque Gusmão, o atropelamento não foi uma tentativa de feminicídio e sim um acidente.

Ainda segundo o advogado, o cliente disse que o casal estava em uma festa comemorando o aniversário da esposa, mas em conversa com ela disse que precisava trabalhar no outro dia, indo embora. Já pela manhã do outro dia, ele saiu com o caminhão-guincho e na esquina uma moto teria atravessado na sua frente.

Ao descer do caminhão percebeu que era a esposa, ficando apavorado. Pablo disse que ele não teve intenção de matar a esposa, e que foi um acidente. Ele fugiu do local por medo de ser linchado, já que, segundo o homem, os filhos da esposa seriam perigosos. 

Já sobre o incêndio, o defesa contou que o cliente falou ter sido um dos filhos da esposa que colocou fogo na casa, e que testemunhas teriam visto o ato. 

Casa foi incendiada durante discussão. (Foto: Danielle Errobidarte/ Jornal Midiamax)

Briga por ciúmes e atropelamento

Segundo a delegada Larissa Franco Serpa, na noite anterior ao crime, o casal estava na casa da irmã da vítima comemorando o seu aniversário e no dia seguinte acabaram discutindo por ciúmes. Ela foi embora, mas resolveu voltar ao ver que o celular do marido estava em sua bolsa.

A vítima tinha voltado para devolver o celular, e foi recebida pelo autor com socos, já que teria achado que a mulher tinha ido a uma festa, segundo a delegada. Em seguida, ele acabou atropelando a vítima, na esquina da residência.

Durante a briga, o marido ateou fogo na casa – dois quartos e a cozinha ficaram destruídos. Ela foi socorrida pelo Corpo de Bombeiros para a Santa Casa, com fratura no ombro. Na residência, os militares utilizaram cerca de 2 mil litros de água para conter as chamas.

O caminhão foi localizado pela Polícia Militar abandonado na Rua Cassiano Araújo Brito, no Bairro Caiobá. O homem teria fugido em outro veículo, ainda não identificado.

Polícia localizou caminhão-guincho abandonado em rua (Foto: Danielle Errobidarte/Jornal Midiamax)

Áudios e mensagens

Nas mensagens enviadas, o homem diz: “Não sai da sua casa hoje, vou colocar fogo aí e no barraco da F*(vítima).” Em outra mensagem enviada para a irmã da vítima, ele diz: “Festa junina chegou”. 

Logo após atropelar a esposa, o autor mandou mensagem para a vítima dizendo: “Você viu o que acontece com quem dorme?” A polícia pediu pela prisão preventiva do homem que estava foragido.

Jornal Midiamax conversou com familiares da vítima na terça-feira (25), após ela receber alta da Santa Casa. “Ela está com muito medo e não está conseguindo se movimentar direito após os ferimentos”, disse um dos familiares. 

Ainda segundo informações passadas por familiares, logo após o crime, ele ligou para a mulher e o sobrinho dela atendeu. O autor teria dito que fugiria para o Rio de Janeiro. Familiares também contaram que estão sendo ameaçados por parentes do autor. 

A irmã da vítima chegou a contar que, após o crime, ele parou de usar o WhatsApp e passou a mandar mensagens pelo Messenger perguntando sobre a mulher, além de dizer que iria se apresentar na Deam acompanhado de um advogado. 

A  defesa disse que não tem conhecimento do teor das mensagens e que não há nada formalizado nos autos do inquérito.