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Polícia

“Deixou seu cliente apanhar?”: Promotora e advogado discutem durante júri do caso Marielly

Advogado afirmou que teria presenciado o enfermeiro apanhar de policiais
Renata Portela, Clayton Neves -
Promotora que atua no caso - Foto: Henrique Arakaki/Midiamax

Durante a fala da acusação nesta quinta-feira (15), no julgamento do caso Marielly em , a 70 quilômetros de , o de Jodimar Ximenes Gomes, 51 anos, interrompeu a fala da promotora e houve discussão. Ele alegou que o cliente apanhou dos policiais e foi questionado “Deixou seu cliente apanhar e não fez nada?”.

Após serem ouvidas as testemunhas e os réus no caso, a promotora Bianca Machado Arruda Mendes que atua na acusação iniciou o debate. Enquanto falava, foi interrompida pelo advogado David Moura Olindo, que defende o réu Jodimar. Quando a promotora falava sobre a maca apreendida na casa do enfermeiro, o advogado gritou que aquilo não tinha sido provado nos autos.

Ao que a promotora respondeu que foi comprovada a troca dos grampos da maca. Ela ainda disse que o advogado não leu o processo e ele respondeu que leu sim e inclusive teria acompanhado o caso e viu Jodimar apanhar na delegacia. “E você deixou seu cliente apanhar e não fez nada?”, respondeu a promotora.

O advogado, por sua vez, disse que teria feito sim, mas a promotora Bianca afirmou que nada havia nos autos. Os dois discutiram e o advogado disse que o delegado teria forjado um boletim de ocorrência. A promotora então exigiu que isso constasse na ata do julgamento, sobre a fala do advogado contra o delegado.

Promotora reafirma provas de que houve um aborto malsucedido

Na fala da acusação, a promotora Bianca Machado reafirmou a tese já apresentada pelo (Ministério Público de Mato Grosso do Sul) nos autos do processo, a partir dos laudos periciais necroscópicos. O que se identificou após o corpo de Marielly ser encontrado é que a vítima estava em um estado inicial de mumificação.

Isso, segundo a Perícia apontou, acontece quando o corpo está com pouco sangue. O que se sustenta é que Marielly morreu em decorrência de hemorragia aguda após o aborto. Sobre Jodimar, a promotora questionou se ele seria inocente, se estariam conspirando contra ele. Isso, porque nos 11 anos desde a morte da jovem, ele nunca confessou.

No entanto, todas as testemunhas ouvidas no caso que tiveram algum contato apontam ele como o responsável pelo aborto, inclusive familiares e Hugleice da Silva, de 39 anos, cunhado de Marielly que a levou para fazer o aborto. “Temos uma menina que perdeu a vida com 19 anos de idade porque uma pessoa topou por R$ 500 fazer um aborto”, disse a promotora.

A promotora ainda diz estranhar o fato de Jodimar não se incomodar com as acusações do aborto, mas sim com a busca e apreensão feita em sua casa, ocasião em que vários instrumentos cirúrgicos, medicamentos e carimbos médicos foram apreendidos. “Não dá pra passar a mão na cabeça de duas pessoas que deixaram a menina morta em um canavial”, afirmou.

Sobre a participação de Hugleice, a promotora lembrou que ele quem teria ajeitado o aborto, também quem levou a vítima ao local e, mais ainda, quem desovou o corpo da jovem junto com Jodimar.

Cunhado nega paternidade

Promotora questionou atuação de Hugleice no crime
Hugleice negou paternidade – Foto: Henrique Arakaki/Midiamax

Em detalhes, Hugleice relembra que naquele dia 20 de maio de 2011 levou a jovem até a casa de Jodimar Ximenes Gomes, de 51 anos. Lá, o enfermeiro teria dito que o procedimento seria de no máximo 40 minutos, sem riscos.

“Passou meia hora, ele me chamou. Veio muito rápido na minha direção. Quando entrei na casa ela já estava sem vida”, afirmou no depoimento. Hugleice lembra que viu Marielly ensanguentada, já sem pulsação, sem respirar. “Fiquei desesperado, não sabia o que fazer, quem procurar”, relatou.

Foi então que o enfermeiro teria orientado a levar o corpo da vítima até um local. Na denúncia e no inquérito policial consta informação de que a dupla colocou o corpo de Marielly na carroceria da camionete de Hugleice e levou até a área de mata, onde a jovem foi encontrada três semanas depois.

“Ela não divulgou quem seria o pai. Quando fiquei preso recebi várias ameaças de todo presídio”, afirmou. “Nego que seja o pai. Nunca tive envolvimento dessa forma com minha cunhada”, disse ainda Hugleice. Ele ainda relatou que participou ativamente ajudando a vítima a abortar porque era muito ligado a ela.

Aos jurados, o cunhado de Marielly afirmou que se sentiu perdido após a morte da jovem, que não sabia o que fazer e não confessou imediatamente por medo de perder a família. Ao fim, nesta quinta-feira ele confessou toda a participação, mas negando a paternidade e afirmando que não esteve no procedimento.

Enfermeiro nega participação no aborto

Em depoimento no plenário, Jodimar reafirmou que não conhecia Marielly, que nunca a viu e nem mesmo praticou o aborto. Esta é a afirmação feita pelo enfermeiro desde o dia em que foi descoberta a morte da jovem, três semanas após seu desaparecimento.

Além disso, Jodimar afirma que não conhecia Hugleice, cunhado de Marielly que teria ‘arranjado’ o aborto para a jovem. Sobre o material apreendido na casa do então enfermeiro, como macas, pinças cirúrgicas e outros equipamentos, ele afirmou que trabalhava como manicure e por isso tinha aquele tipo de aparelhagem.

Aos jurados, Jodimar afirmou que foi agredido na delegacia, que teria sofrido torturas. Sobre o sangue que foi identificado na maca na casa do enfermeiro pelo teste com luminol, ele não soube dizer a procedência.

Denúncia diz que caso extraconjugal terminou com gravidez

A denúncia do MPMS e o inquérito policial, com os laudos periciais, apontam que Marielly teria morrido no mesmo dia em que a mãe procurou a Depac (Delegacia de Pronto Atendimento Comunitário) Centro para relatar o desaparecimento da filha. A jovem saiu de casa no dia 21 e não foi mais vista.

A investigação policial aponta que Marielly teve relação com o próprio cunhado, Hugleice. Dessa relação extraconjugal, resultou uma indesejada da jovem, comprovada por meio de um exame médico feito em fevereiro de 2011. No mês seguinte, em março, Marielly conheceu um rapaz com quem começou a namorar.

A gravidez era mantida em sigilo, mas a jovem chegou a confidenciar para uma amiga, dizendo que “se a criança nascesse seria uma ‘bomba’ para a família”. Foi então que ela e o cunhado teriam optado pelo aborto. Hugleice então conhece Jodimar, que morava na época em Sidrolândia.

No dia 19 de maio, conforme identificado pela perícia no celular de Hugleice, ele teria passado o dia em Sidrolândia. Já no dia 20, Hugleice e Marielly trocaram um total de 18 ligações telefônicas. No dia seguinte, em que a jovem desapareceu, eles foram até Sidrolândia na casa de Jodimar, também conforme apontado pelo MPMS e Polícia Civil.

Na residência, o então enfermeiro teria feito o procedimento de aborto na jovem. Uma prima de Jodimar que teria ficado ali para fazer a limpeza do local relatou que viu a vítima passando mal. O que se apurou é que Marielly, logo após o aborto, passou mal e faleceu. Ali, Hugleice e Jodimar colocaram o corpo da jovem na camionete do cunhado e levaram até a área de mata nas margens da rodovia MS-162, onde o corpo foi desovado.

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