Nesta terça-feira (15), mãe de um menino de 5 anos procurou a (Delegacia Especializada de Proteção à Criança e ao Adolescente) para denunciar que o filho também foi vítima de abuso pelo fonoaudiólogo de 30 anos, preso desde o dia 9. Ele foi detido em flagrante após estuprar um paciente durante atendimento, na região central de Campo Grande.

“Faz 5 dias que estou em choque, sem dormir”, relatou a mãe ao Jornal Midiamax. Segundo a mulher, o filho dela começou o tratamento na clínica quando tinha 2 anos de idade. Diagnosticado com TDAH (Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade), o menino passou a fazer tratamento como uma fonoaudióloga mulher.

No entanto, como o acusado era apresentado como fonoaudiólogo especialista no atendimento de crianças com autismo, o menino passou a fazer as sessões com ele, em abril de 2021. A primeira suspeita da mãe foi em novembro de 2021. Logo após a consulta, o menino saiu da sala em choque, fato que a mulher estranhou.

“Ele não olhou na minha cara”, disse a mãe, relatando que o menino entrou no carro segurando o pirulito, sem dizer uma palavra. A mulher então mandou mensagem para o especialista, perguntando o que tinha acontecido. “Nada, ficamos quietinhos”, teria respondido. Depois, ele mandou outras mensagens e também áudios, desconexos, como se tentasse se explicar.

Após a notícia divulgada no dia da prisão do acusado, a mulher ficou em choque. “Ele fez coisas horríveis com meu filho. Estava brincando de molestar”, disse. A mãe ainda conversou com o menino, que deu alguns relatos do que tinha acontecido. Em uma ocasião, o filho teria dito “O tio é menina, saiu leite dele”.

Bastante abalada, a mulher relatou que está vivendo um pesadelo. O filho chegou a questionar o que significava o sinal de ‘zíper' na boca, dando a entender que o fonoaudiólogo teria feito o gesto para a criança, pedindo o silêncio dela sobre os abusos. Para a mãe, o especialista teria agido “de caso pensado”, já que atendia crianças que não conseguem se comunicar.

A mulher ainda teria dito para o filho que o levaria em outra fono, indicada por uma amiga. “O tio não está passando atividade, o que ele está passando?”, questionou ao filho que respondeu “É mesmo mamãe, ele fica só chacoalhando o pipi”.

Indignada, a mãe ainda relatou a necessidade de câmeras nas salas de atendimento das crianças, para que os pais possam saber o que acontece nas sessões, ou mesmo câmeras para monitoramento interno da própria clínica. O proprietário da clínica também foi intimado para prestar esclarecimentos.

Nesta terça a mãe presta depoimento e também o filho foi ouvido em depoimento especial na Depca, com acompanhamento de psicólogo. Desde a divulgação da prisão do fonoaudiólogo, pais de ao menos três crianças já procuraram a delegacia. No entanto, as possíveis vítimas não chegaram a relatar caso de abuso. O menino de 5 anos teria sido a segunda vítima relatada de estupro de vulnerável por parte do acusado.

Prisão em flagrante

Para o Jornal Midiamax, o advogado da família, Silvio de Almeida, relatou que o menino já fazia o tratamento com o fonoaudiólogo há 5 meses. Recentemente, ele teria conversado com o irmão mais velho, de 10 anos, que também já fez sessões de fonoaudiologia.

O caçula então perguntou se era normal que o fonoaudiólogo passasse a mão nos órgãos genitais. O irmão disse que não e orientou a criança, que contou sobre o ocorrido para a mãe. O menino teria um atendimento na quinta-feira, mas como não poderia acompanhar, a mãe adiantou para esta quarta.

Ela acompanhou o filho, ficou na recepção e pediu para ele sair correndo da sala e gritar caso alguma coisa acontecesse. Assim, com 15 minutos de sessão o menino saiu chorando, aos prantos, da sala. A mulher foi até a sala do fonoaudiólogo, com uma testemunha, e o deteve até a chegada da polícia.

O profissional teria colocado a criança na maca, passado a mão na barriga do menor e, depois, teria tocado as partes íntimas do garoto. O homem, de 30 anos, foi preso em flagrante, mas tentou negar o crime. ‘Não fiz nada', disse. Já o menino prestou esclarecimentos em depoimento especial, acompanhado de psicóloga, confirmando novamente os abusos.