‘Amanhã arrumo bastante dinheiro’: o que se sabe sobre assassinato de pecuarista em condomínio
Após assassinato de pecuarista, cunhado de funcionária presa escreveu: “a casa caiu”
Thatiana Melo –
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Um golpe que acabou em assassinato e a prisão de duas funcionárias acusadas pela morte da pecuarista Andreia Aquino Flores, de 38 anos, em Campo Grande, no dia 28 de julho, em um condomínio de luxo. O que sabe sobre o crime? Premeditação, ganância e dinheiro fazem parte do que investiga a polícia.
Durante as investigações do assassinato, foi descoberto que o homem envolvido no crime havia sido procurado um dia antes pela cunhada, uma funcionária de Andreia. O encontro ocorreu por volta das 19 horas, na casa do homem, que está foragido e é procurado pela polícia.
Segundo as investigações e depoimentos, a conversa entre o homem e a funcionária de Andreia teria durado cerca de 30 minutos, no portão da residência. Logo após a conversa, o acusado ao entrar em casa teria relatado a esposa que iria fazer uma ‘fita’. Ele ainda teria falado, “amanhã vou arrumar bastante dinheiro”.
A irmã da acusada presa contou que tentou desencorajar o companheiro de fazer o roubo, mas ele não recuou. Ela ainda afirmou aos policiais que a acusada pelo assassinato ainda teria falado que daria ao cunhado R$ 10 mil e que era para ela ficar com a metade. Nesse momento a mulher disse que não participaria de nada.
No dia do crime, o homem saiu por volta das 9 horas dizendo, “vou ir lá”. Depois de 3 horas, por volta do meio-dia, a mulher recebeu um telefonema do companheiro dizendo que, “a casa caiu. Eu acho que a Andreia morreu”.
O homem chegou até a casa da companheira carregando uma mala, que ela disse não saber o que havia dentro. Em seguida, o acusado no crime falou que formataria o celular e compraria outro chip. Já por volta das 15 horas do mesmo dia, a mulher recebeu mensagens do envolvido no crime dizendo que estava com medo. A mensagem enviada teria vindo de um celular com DDD de Mato Grosso.
Funcionária era amante da pecuarista
A funcionária de Andreia é apontada como amante da pecuarista e chegou a dizer que recebia muita ajuda financeira da vítima para sanar as dívidas que tinha. Ela chegou a trabalhar por 7 anos com a família de Andreia.
A participação da irmã no assassinato teria acontecido após ela pedir ajuda para a funcionária da vítima, para que documentos de quitação de uma dívida fossem assinados. A dívida seria da venda de 400 cabeças de gado, em valor aproximado de R$ 8 milhões.
Conforme relatado pelas autoras do crime, a intenção da irmã de Andreia era de ‘dar um susto’ na vítima, mas não assassiná-la. A irmã ainda teria dito para a funcionária que Andreia tinha problemas com bebidas e que ela deveria se aproveitar de um momento de vulnerabilidade para fazer com que a pecuarista assinasse os documentos. Para isso, ela receberia R$ 50 mil.
Com a proposta, a funcionária teria dias antes conseguido fazer com que Andreia assinasse os papeis. No entanto, a pecuarista acabou rasgando os documentos depois.
Andreia e a irmã eram investigadas pela Polícia Federal por contrabando de joias do exterior, além de tráfico de drogas. A família, envolvendo também a mãe das irmãs Aquino, tinha brigas judiciais por questões de herança, compra e venda de gado em valores que chegavam aos R$ 8 milhões.
O Midiamax apurou que as irmãs eram apontadas pela Polícia Federal como distribuidoras de drogas em um outro condomínio de luxo em Campo Grande. O cunhado de Andreia também era investigado. Há ainda a informação de que a família teria tentado assassinar um traficante para roubarem R$ 600 mil.
Falso roubo planejado
Junto com a filha e o cunhado, a funcionária teria arquitetado o plano do falso roubo chamando o cunhado para executar o plano. O trio teria se encontrado em uma pastelaria, no Tiradentes, para acertar detalhes do plano, três dias antes. Mãe e filha ainda teriam ido até uma loja para comprar um simulacro de arma de fogo e um boné.
No dia do crime, as duas funcionárias foram até ao supermercado deixando o carro sem travar, para que o cunhado entrasse e fosse com elas até o condomínio. Ainda no mercado o cartão delas não teria passado pela compra de R$ 700 e Andreia, então, teria feito um PIX no valor de R$ 1 mil.
Quando chegaram ao condomínio, o homem desceu do carro com a sobrinha, enquanto a funcionária permaneceu no veículo, para ‘dar fuga’. Ela chegou a dizer em depoimento que pensou em desistir do crime, mas que o cunhado insistia. Ele ainda teria dito que, ao invés de exigir R$ 50 mil de Andreia, pediria R$ 80 mil, para que, caso fossem pegos, ‘o crime valesse a pena’.
Andreia estava na sala quando os autores entraram. O homem a agrediu, tampou a boca da vítima com um pano e a esganava. Ela acabou desfalecendo e, após perceber a demora a funcionária entrou na casa, encontrando Andreia já desacordada. Os suspeitos então levaram a vítima para o andar de cima.
A pecuarista foi colocada em um quarto, na cama, e a funcionária chegou a jogar água para ver se ela acordava. Os suspeitos fugiram e mãe e filha ainda mentiram sobre o sequestro.
Investigada por tentar atar ex-marido
Vítima de homicídio Andreia, era investigada pela tentativa de homicídio contra o ex-marido, um empresário de Ponta Porã, a 346 quilômetros de Campo Grande. O Midiamax teve acesso a documentos relativos à investigação que tramita sobre Andreia e ainda outros familiares. Em janeiro deste ano, o ex-marido foi vítima de atentado quando estava na clínica veterinária que é proprietário em Ponta Porã.
Os pistoleiros dispararam contra a vítima, que acabou ferida e socorrida. O homem resistiu aos ferimentos e o caso passou a ser investigado como tentativa de homicídio. Andreia constava como suspeita do crime.
Além disso, em junho deste ano ela e outras familiares foram ouvidas pela Polícia Civil por suspeita de envolvimento no crime. A informação da investigação é de que pistoleiro teria sido contratado para cometer a execução. Mesmo preso, ele ainda estaria tentando cumprir com o acordo feito.
Ainda consta na investigação policial que o homem seria cobrado para cumprir o acordo ou então devolver o dinheiro pago pelo crime.
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