Nesta quarta-feira (16), relato anônimo de uma acadêmica da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul) revelou caso de assédio sexual que teria sofrido nesta semana, em um banheiro da faculdade. A vítima estava no banheiro neutro quando percebeu o homem a filmando, com o celular.
Segundo o relato feito pela vítima para a página Segredos UFMS, ela precisava usar o banheiro e o do bloco do curso da vítima estava sendo limpo naquele momento. Então, ela foi até o banheiro neutro que era mais próximo e fica atrás do corredor da biblioteca da universidade.
“Entrei, fechei a porta e ao olhar para baixo me deparo com uma mão masculina segurando um celular com a câmera em modo selfie me vigiando”, contou. A vítima relatou que viu as partes íntimas refletindo na tela do celular. “Na hora eu bati na parede e questionei sobre estar me filmando”.
O homem puxou a mão e a vítima então abriu a porta e passou a bater na porta do banheiro ocupado pelo suspeito. “Saiu engomado, pai de família, casado, me dizendo ‘não estava te filmando não”. A vítima ainda pediu o celular do suspeito que segundo ela “quis crescer para cima de mim”.
Um colega da acadêmica passava por ali no momento e foi chamado por ela. O homem acabou entregando o celular, mas não foi encontrado vídeo da vítima no aparelho. Foi então que ele passou a chamar a aluna de mentirosa e louca e ainda passou a mostrar vídeos íntimos com a esposa. “Eu e meu colega ficamos constrangidos”.
A vítima afirma que procurou a reitoria e registrou na ouvidoria o nome e curso do suspeito. Também foi registrado boletim de ocorrência. “Desde ontem choro sem parar”, contou. Ainda segundo a aluna, a UFMS deu o suporte psicológico. “Me sinto envergonhada, humilhada, exposta e ainda desqualificada”, lamentou.
Banheiro neutro da UFMS
Em abril deste ano, a Adufms (Associação dos Docentes da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul) divulgou nota se explicando sobre o banheiro neutro instalado na UFMS. A diretoria da associação se posicionou a favor a instalação do banheiro neutro/ familiar, “para garantir segurança e dignidade à pessoas transgênero, transexuais, travestis, não-binárias e intersexuais.
Além disso, o local pode ser usado por pais e mães no atendimento a crianças pequenas. Entretanto, a Adufms reconhece que o assunto não foi debatido devidamente na universidade. Ao fim da nota, a organização sindical defende que a universidade tome decisões de forma coletiva.
“Não há justificativa para que esta decisão não fosse tomada de forma democrática, evitando os conflitos ora causados, frente a uma ação legítima e necessária”, encerra o texto. Já o Sista-MS (Sindicato dos ervidores técnicos e administrativos da UFMS) reafirmou o compromisso e respeito com toda comunidade universitária.
“Nossas lutas sempre foram contra qualquer tipo de discriminação, seja racial, de cor, credo, gênero ou orientação sexual. Nos engajamos firmemente no combate contra pessoas e grupos que praticam tais discriminações”, diz nota pública.
Comunidade acadêmica da UFMS
Nas redes sociais, alunos se manifestaram de forma favorável ao banheiro neutro. “A faculdade está de parabéns, já deveria ter incluído isso há muito tempo, mas ok”, postou uma. “Uma providência necessária e alguns, se não muitos, implicam por razões que sabemos bem quais”, escreveu outra.
Porém, o novo funcionamento de alguns banheiros da universidade não agradou a todos. “Respeitar a adversidade tudo bem, mas isso de banheiro para todos aí não concordo. Está completamente errado”, opinou uma internauta.
O Midiamax entrou em contato com a UFMS e aguarda posicionamento sobre o fato.
