VÍDEO mostra diretora acusada de maus-tratos agredindo idosos em asilo de Campo Grande

Ela está proibida de se aproximar das vítimas

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Idosos foram vítimas de agressões físicas e psicológicas
Idosos foram vítimas de agressões físicas e psicológicas

Denunciada por maus-tratos a idosos, diretora do lar de acolhimento público foi flagrada pelas câmeras de segurança agredindo as vítimas. As imagens foram captadas pelas câmeras, posteriormente apreendidas pelo MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul), que entrou com duas ações contra a acusada.

Os vídeos, a que o Jornal Midiamax teve acesso, mostram momentos em que a diretora, que já está afastada dos idosos sob força de medida protetiva, agride as vítimas. Em um dos vídeos, de 23 de agosto, o idoso está deitado na cama e a diretora fica sozinha no quarto com ele. Ela encosta a porta e vai até o paciente, o agredindo no rosto e puxando a perna da vítima.

Em outro momento, um idoso é agredido em local que seria o refeitório. Ele está sentado em uma poltrona e é possível perceber que ele se nega sair do local para sentar-se à mesa. A diretora acaba puxando a vítima pela mão, derrubando o copo que o idoso segurava e provocando confusão.

Já em outro vídeo ela é vista agredindo um idoso que estava sentado no sofá. As ações da diretora acabaram resultando nas denúncias feitas pelo MPMS, por meio da promotora Cristiane Barreto Nogueira Rizkallah, titular da 44ª Promotoria.

Tentou segredo de Justiça

Na ação que corre pela 2ª Vara de Direitos Difusos, Coletivos e Individuais Homogêneos, a defesa da diretora pediu segredo de Justiça. Ela alegou que teme pela vida e que a mídia estaria noticiando tudo sobre o caso, inclusive que ofensas contra ela foram postadas nas redes sociais.

Em decisão, o juiz David de Oliveira Gomes Filho pontua que os fatos denunciados no processo já se tornaram públicos. Assim, o sigilo acabaria aumentando a repercussão e desinformação das pessoas e sequer as razões da defesa seriam conhecidas, o que prejudicaria até mesmo a acusada e, principalmente, o direito à informação.

O magistrado ainda afirma que cargos que afetem o interesse social devem ser exercidos com a maior transparência possível, bem como as ações civis públicas. Com isso, foi indeferido o pedido de sigilo do processo.

Afastamento do cargo

A promotora Cristiane Barreto pontuou que pretende pedir reapreciação do afastamento da dirigente do cargo. Além desta ação, há uma que tramita na Vara da Infância, Juventude e do Idoso. No dia 19 deste mês, a juíza Katy Braun, da Vara da Infância, determinou a medida protetiva contra a diretora do asilo.

Assim, ela deve se manter afastada das vítimas e foi apurado que ela segue trabalhando remotamente, em casa. Agora, a promotora quer o afastamento da diretora, para que ela não pratique mais os atos de gestão do local.

Ainda segundo a promotora, após as primeiras denúncias outras pessoas foram espontaneamente até a promotoria, para prestarem esclarecimento de situações que têm conhecimento. São colhidas as declarações para produção de novas provas, que também serão encaminhadas ao juiz de Direitos Difusos.

A denúncia

Consta na denúncia que gravações apontam abusos concretos contra dois idosos do local, sendo que uma das idosas possui demência e transtorno bipolar afetivo, e seria um dos alvos da servidora, que discriminaria os idosos com doenças psiquiátricas e em processo demencial.

O pedido de medida de proteção acabou se estendendo a todos os idosos que residem no asilo. De acordo com o documento, os idosos eram submetidos a tratamentos vexatórios, constrangedores e desumanos. Ainda segundo a denúncia, existem indícios fortes de que a dirigente negava atendimento médico necessário aos idosos com demência na tentativa de ‘livrar’ a instituição dos idosos que necessitavam de mais cuidados.

Em junho deste ano, familiares da idosa — vítima de maus-tratos na instituição — passaram a ser pressionados para que a mulher fosse retirada do asilo, após um surto e ter de ser encaminhada para o Caps.

A família da idosa, inclusive, teria recebido mensagens fazendo pressão para que a vítima fosse retirada da instituição, afirmando que a idosa não tinha contrato com o asilo. Um enfermeiro que trabalhou no local por sete anos, ainda quando a instituição tinha outro nome, confirmou os maus-tratos cometidos pela dirigente contra os idosos no local.

Ele disse que a dirigente não tinha tato e aptidão para lidar com idosos, sobretudo os que tinham patologia de ordem mental ou neurológica e praticava atos que os amedrontavam. Os episódios não eram casos isolados.