A Ouvidoria do MPE-MS (Ministério Público Estadual de Mato Grosso do Sul) pediu nesta sexta-feira (29) a instauração de processo investigativo contra o diretor e o chefe de segurança da PED (Penitenciária Estadual de ) após a divulgação de que presos tinham relações com agentes e trocavam ‘nudes' com enfermeiras. O documento ainda cita que os detentos eram “beneficiados com perfumes e bebidas importadas, ostentavam festas regadas a churrasco e bebidas e tinham até armário planejado nas celas”.

Entre os detalhes descritos no documento do MPE, estão a utilização, por parte dos presos, de “12 celulares de última geração, caixas térmicas com quantidade significativa de carnes de cortes nobres, suplementos alimentares, caixas de som e porções de ”.

Ainda segundo o órgão, “as celas ficaram por muito tempo sem a devida vistoria, e o reflexo é o descaso total com os policiais penais e com a população em geral”. Sobre as celas possuírem armários planejados, a Ouvidoria compara que o espaço é “um ambiente com mais estrutura do que a casa de muitos trabalhadores que lutam para sobreviver e pagar seus impostos”.

O MPE evidencia que os dirigentes “eram coniventes além de concederem favorecimentos, proteções e regalias aos presos da capela da PED, pois, se os fatos aconteciam e ninguém fazia nada, as omissões dessas autoridades devem ser investigadas”.

O documento finaliza com pedido de instauração de investigação pela Polícia Civil do diretor da unidade e do chefe de segurança. E ainda sugere que ao delegado responsável que faça o pedido de acesso ao procedimento investigativo instaurado pela GISP (Gerência de Inteligência Penitenciária) e Corregedoria da Agepen (Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário).

“Farra” de presidiários

Um de Dourados, lotado na PED (Penitenciária Estadual de Dourados), foi afastado das suas funções e colocado à disposição. Ele é alvo de investigação administrativa por manter um relacionamento amoroso com um detento que cumpre pena de 25 anos e cinco meses, conforme apurou a reportagem do Jornal Midiamax. Além disso, troca de ‘nudes' entre servidoras da saúde da cidade e detentos também é investigada.

Fontes que preferem não se identificar, afirmam que o agente tem ligações com a direção do presídio e gozava de privilégios no exercício de suas funções. Segundo essas mesmas fontes, que o detento passa a maior parte do tempo na capela da penitenciária, que na linguagem prisional é uma cela destinada aos que trabalham na cantina e nos serviços de limpeza e manutenção extra muro. Uma das suspeitas é que o servidor e o detento se encontravam no local.

Condenado por latrocínio, o roubo seguido de morte, o detento foi preso em 16 de junho de 2011 e ele deu entrada na PED em 10 de outubro de 2012. Na ficha do detento também consta crimes de roubo.

Além da denúncia que envolve o relacionamento do agente com o detento, outras irregularidades foram encontradas na unidade. Em vistoria, 37 celulares foram achados na capela do presídio. Nesses aparelhos teriam sido encontrados grupos de e em algum deles, havia imagens de nudes de enfermeiras da Secretaria Municipal de Saúde de Dourados.

A suspeita é que as servidoras que prestam serviços no presídio enviavam as imagens aos detentos.  Segundo a Agepen, a direção da Penitenciária Estadual de Dourados comandou uma operação de inteligência, realizada durante todo o final de semana (de sexta-feira a domingo). Foram feitas vistorias em celas e apuração de dados coletados.