Leandro Pereira Florenciano, de 38 anos, preso nesta segunda-feira (27) acusado do homicídio de Gleison da Silva Abreu, afirma que o crime ocorreu após descoberta de relacionamento homoafetivo. Segundo a defesa, Leandro teria se encontrado com a vítima na Cachoeira do Inferninho – onde o corpo dele foi achado – e o atual companheiro de Leandro teria o empurrado lá de cima. Agnaldo Freire Mariz, de 50 anos, também está preso pelo assassinato.

O advogado de defesa de Leandro, Gustavo Scuarcialupi, afirmou ao Jornal Midiamax que esteve com seu cliente na tarde desta terça-feira (27), na carceragem do Cepol (Centro Especializado de Polícia Integrada), onde ele está preso preventivamente por trinta dias após mandado de prisão cumprido pela DEH (Delegacia de Homicídios). “Por Gleison ser evangélico, ele e Leandro tinham que esconder o relacionamento e costumavam se encontrar em lugares distantes”, afirma o advogado.

No dia do crime, 1º de maio de 2020, Leandro e Gleison teriam ido até as proximidades da cachoeira. O atual companheiro de Leandro à época teria descoberto e ido até o local. Por ciúmes, os três tiveram uma discussão e, segundo a defesa, o atual teria empurrado Gleison sob as pedras. “O Leandro ficou desesperado, ele nunca teve envolvimento policial e não sabia o que fazia”, alega.

Segundo a defesa, é neste momento em que participação de Agnaldo – também preso preventivamente pelo homicídio – é citada. “Ele foi contar para o Agnaldo, que é cunhado dele, perguntando o que fazer, pedindo auxílio. Houve quebra de sigilo telefônico do Agnaldo, que apontou conversa entre os dois sobre o crime, mas ele não tem participação”, relata Scuarcialupi.

Laudo pericial

A defesa teve acesso ao laudo realizado pela Perícia da Polícia Civil, que, conforme noticiado anteriormente, aponta a causa da morte como asfixia. O advogado afirma que não houve estrangulamento e o motivo da morte de Gleison “consta equimose, que significa a ruptura de pequenos vasos sanguíneos”. Ainda segundo ele, “Leandro tem um porte físico inferior ao da vítima e a asfixia provavelmente se deu por conta da água”.

Scuarcialupi afirma que, devido ao envolvimento amoroso entre Leandro e o marido, seu cliente só contou esta versão dos fatos agora, após o suicídio. “O Leandro pode ter sido negligente e imprudente por não ter acionado a polícia ou prestado socorro, mas levou em consideração o amor que tinha pelo marido”, alega.

Empresa fantasma e R$ 15 mil investidos

O advogado relata que Leandro explicou que Gleison começou a participar, por conta própria, de investimentos financeiros conhecidos popularmente como pirâmides. “Ele disse que o Gleison sempre quis ganhar dinheiro de forma rápida, queria até mudar de país, ir para a Itália, então começou a fazer essas negociações. O Gleison não tinha patrimônio suficiente ou nenhum bem que justificasse um golpe ou interesse financeiro de Leandro”, afirma.

Ainda segundo Scuarcialupi, seu cliente tem um apartamento financiado, uma motocicleta e uma casa, construídos com o dinheiro recebido pelo trabalho em salões de beleza. Na casa citada, o advogado explica que Leandro teria convidado Emerson para morarem juntos durante um tempo. “Eles se separaram após o Leandro ir morar com a irmã e falar que o marido tinha dois meses para desocupar o imóvel, assim que descobriu uma acusação de estupro do seu atual convivente”, afirma. Também foi pedida a quebra de sigilo bancário de Leandro, conforme relatou a defesa, uma vez que ele teria emprestado a conta bancária para as citadas transações de Gleison.

Em entrevista na manhã desta terça-feira (27), o delegado Carlos Delano, responsável pelas investigações, afirmou que a apuração aponta para um suposto golpe que Gleison teria sofrido após perder entre R$ 15 mil e R$ 18 mil para Leandro. Este, teriam criado uma empresa fantasma de lucros para que Gleison fizesse investimentos e triplicasse o valor.

Uma das hipóteses é que Gleison teria ido cobrar Leandro sobre os lucros do dinheiro investido, mas como tudo não passava de uma mentira acabou assassinado. Nesta segunda-feira (26) Leandro Pereira Florenciado, de 38 anos, e Agnaldo Freire Mariz, de 50 anos, foram presos no bairro Santa Emília. Agnaldo acabou preso por estar com drogas em casa.

Acusação de estupro

Tanto Leandro como o marido eram investigados por estuprar uma criança de 9 anos e outra menina de 11 anos também teria sido vítima de abusos. O caso foi registrado na (Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente), nesta segunda, mas o fato teria ocorrido na última sexta-feira (23).

“O motivo deles terem terminado foi que o marido do meu cliente teria passado a mão nas partes íntimas de um menor de idade, que era como um filho para o Leandro”, afirma o advogado. Segundo ele, o laudo realizado pelo (Instituto de Medicina e Odontologia Legal) acusou, nesta terça-feira (27), negativo para conjunção carnal.

No dia do suicídio, o marido de Leandro teria enviado uma mensagem à irmã “fiz algo muito grave, se quiserem me encontrar será na laje (sic)”. Vizinhos teriam tentado fazer reanimação – junto à irmã, que correu para a casa – mas o rapaz já estava sem vida. Segundo Scuarcialupi, Agnaldo já prestou depoimento e Leandro aguarda a data, prevista para os próximos dias.