Júri de pedreiro ‘serial killer’ é adiado a pedido de promotora e deve acontecer só em 2022
Este seria o primeiro julgamento de Cleber
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Nesta terça-feira (9), foi publicada decisão do juiz Aluizio Pereira dos Santos, da 2ª Vara do Tribunal do Júri, para adiar o julgamento de Cleber de Souza Carvalho, 45 anos. Este seria o primeiro júri popular que o réu, acusado de 7 homicídios em Campo Grande, enfrentaria.
Conforme a peça, o pedido de adiamento foi feito pela promotora de Justiça Luciana do Amaral Rabelo, alegando motivo de tratamento médico urgente. O outro promotor titular da vara, Douglas Oldegardo, também não poderá assumir a acusação, já que não teria tempo suficiente para estudar o caso.
Assim, o magistrado pontua que as agendas de novembro e dezembro estão em regular andamento, sendo possível novo julgamento apenas de fevereiro de 2022 em diante. Nova data ainda deve ser agendada. Esta é a segunda vez que o júri de Cleber é adiado, já que a primeira data estipulada tinha sido 29 de outubro, adiada a pedido da defesa.
Cleber seria julgado pela morte de Timótio Pontes Roman, de 62 anos, última vítima a ser encontrada pela polícia no dia 16 de maio de 2020.
Morte de Timótio
Interrogado em audiência, Cleber falou sobre a morte de Timótio. Segundo ele, o idoso era conhecido do bairro, sempre conversavam, mas não tinham uma amizade mais próxima. No final de 2017, Timótio teria pegado dinheiro emprestado de Cleber, que conseguiu o valor com um agiota de quem, segundo ele, sempre pegava dinheiro. Foram R$ 3 mil, que seriam cobrados a juros, somando R$ 450 à conta por mês.
Mesmo com o passar dos anos, Cleber alegou que Timótio não pagava nem mesmo os juros. Ele, no entanto, repassava os juros ao agiota. “Ele não pagou e por isso aconteceu o que aconteceu”, disse. Cleber chegou a relatar que o valor de dívida beirava R$ 18 mil, mas não se importaria se a vítima pagasse só R$ 5 mil, por exemplo, pois poderia quitar a dívida com o agiota.
Briga e homicídio
Cleber, que trabalhava como pedreiro, foi procurado por Timótio para fazer um serviço na calçada da frente, que estava esburacada. Ele cobraria R$ 50 e pediu para vítima comprar areia e cimento. Naquele dia 2 de maio de 2020, Cleber chegou a casa da vítima por volta das 6h30.
Na calçada, ele não viu o material que usaria para a obra. Mesmo assim desceu as ferramentas e, segundo relato, deixou o carrinho com as ferramentas nos fundos da casa de Timótio, para que não ficasse na calçada e não fosse furtado. Depois, a vítima levou o pedreiro até um banheiro, também nos fundos da casa, para mostrar um vazamento.
Timótio teria pedido para que Cleber também realizasse aquele serviço. Em determinado momento, o réu começou a cobrar a vítima da dívida, que já havia se comprometido a pagar naquela semana. Os dois tiveram uma discussão e Cleber, então, alegou no interrogatório que ‘perdeu a cabeça’ neste momento.
“Começamos a discutir, perdi a cabeça e bati nele. Sou uma pessoa muito calma, sou trabalhador, mas nesse dia até cobrei mais barato, era só para ele me pagar”, disse. Segundo o réu, ele então pegou o cabo da picareta que estava com as ferramentas e golpeou Timótio. Os dois golpes acertaram a cabeça do idoso, que caiu.
“Vou terminar de matar logo”, disse Cleber ao ser questionado pelo juiz do motivo pelo qual jogou o corpo da vítima no poço. Ele ainda contou que chegou a pensar que se a vítima acordasse, poderia ligar para a polícia, por isso decidiu jogar o corpo no poço.
O réu, que já teve até mesmo pedido de declaração de insanidade mental feito pela defesa, chegou a relatar que estava com a cabeça perturbada, pois estava pensando no que havia ocorrido com José Leonel Ferreira dos Santos, de 61 anos.
Leonel foi morto por Cleber um dia antes da morte de Timótio. Ele chegou a relatar no interrogatório que só após a morte de Timótio voltou até a casa de Leonel e o enterrou.
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