O juiz Alexandre Antunes da Silva, da Auditoria Militar de Campo Grande, reabriu prazo para que sejam apresentadas mais provas por um sargento da Polícia Militar de Mato Grosso do Sul, acusado de receber R$ 300 para abonar faltas de um soldado que se ausentava para fazer bicos. O valor era pago por cada plantão em que o subordinado não se apresentava.

Consta nos autos que o militar foi intimado para apresentação das alegações finais, oportunidade em que pediu a reabertura de prazo para que pudesse anexar autos de infração e outros relatórios. “Apesar das ponderações apresentadas pelo denunciado, tem-se que o pedido é extemporâneo, […] porém em homenagem ao princípio da ampla defesa, faculto ao denunciado que apresente os documentos que julgar necessários a sua defesa até a data do julgamento”, disse o magistrado.

Denúncia

Conforme denúncia oferecida pelo MPMS (Ministério Público Estadual de Mato Grosso do Sul), os fatos ocorreram entre dezembro de 2019 e abril de 2020, no quartel da cidade de Caracol, município distante 384 quilômetros de Campo Grande. Consta que, durante este período, o sargento aceitou o dinheiro como forma de não aplicar medidas disciplinares contra o soldado Luciano Abel de Carvalho. 

Luciano trabalhava como motorista de aplicativo na Capital e chegou a ser preso prestando serviços, enquanto deveria estar de plantão em Caracol. A prisão ocorreu em julho do ano passado, quando foi instaurado procedimento pela Corregedoria-Geral, para apurar eventuais irregularidades cometidas pelo militar.

Ocorre que Luciano faleceu cerca de três meses depois, vítima de acidente de trânsito. No entanto, as investigações já haviam comprovado, por meio de quebra de sigilo bancário, que o sargento recebia transferências do soldado, a fim de abonar as faltas do mesmo. Por este motivo, o sargento responde ação penal por corrupção.