Fragilidade institucional e avanço das facções podem criar ‘Narcoestado’ no Paraguai

A fragilidade institucional e o avanço das facções são prato cheio para surgimento de um ‘Narcoestado’ no Paraguai. O pesquisador Juan Martens, especialista em segurança da Insight Crime, organização sem fins lucrativos de jornalismo investigativo do crime organizado na América Latina e Caribe, afirma que é grande o número de políticos do país vizinho financiados […]

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A fragilidade institucional e o avanço das facções são prato cheio para surgimento de um ‘Narcoestado’ no Paraguai. O pesquisador Juan Martens, especialista em segurança da Insight Crime, organização sem fins lucrativos de jornalismo investigativo do crime organizado na América Latina e Caribe, afirma que é grande o número de políticos do país vizinho financiados pelo tráfico de drogas e contrabando.

Segundo ele, um estudo da Insight Crime mostra mudança no comportamento e maior engajamento político por parte das organizações criminosas, entre elas os grupos brasileiros PCC (Primeiro Comando da Capital) e CV (Comando Vermelho). É comum, afirma, o registro de candidaturas por parte de pessoas ligadas ao narcotráfico, especialmente em Ciudade del Este e Salto Del Guairá.

Esta segunda cidade fica na linha internacional com Mundo Novo, no Mato Grosso do Sul, a 462 quilômetros de Campo Grande. “No Paraguai, cada vez mais o Estado se associa ao narcotráfico, e têm razão aqueles que dizem que estamos caminhando perigosamente para a formação de um Narcoestado”, disse o pesquisador ao jornal ABC Color.

Martens cita, por exemplo, que o Partido Colorado se democratizou graças ao tráfico de drogas, por meio da injeção de altos valores em campanhas eleitorais. “Pode ocorrer uma campanha política milionária sem controle e com dinheiro do tráfico, e isso pode provocar erosões na democracia e demais instituições. Isso é preocupante”, sinaliza. 

Outro ponto destacado pelo pesquisador é que, após décadas conhecido como grande fornecedor de maconha, o Paraguai recentemente passou a ser a principal rota de cocaína. Tal cenário está atribuído diretamente à guerra entre o PCC e o clã Rotela, que disputam o controle do tráfico de armas e drogas na fronteira, corrompendo policiais e membros do Poder Judiciário. “Há necessidade urgente de fortalecimento do Estado Paraguaio”.

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