, chefe do CV (Comando Vermelho), que está encarcerado no Presídio Federal de desde setembro de 2019, gravou um vídeo onde relatou ter feito greve de por 19 dias, após ter sido privado de acompanhamento jurídico durante a pandemia. Ele também relata ter sido torturado na penitenciária. 

O vídeo foi gravado em agosto deste ano durante videoconferência de uma audiência do chefão do CV. Na gravação, obtida pelo portal UOL, Beira-Mar fala que sofre com problemas psicológicos. “Não sou igual miliciano, que exigia dinheiro de empresário. Fiz um trabalho social”.

Ao chegar ao presídio federal de Campo Grande, o interno diz ter ficado por seis meses em uma cela isolada ‘com a desculpa de analisarem seu perfil, mas o chefão do CV disse que, na realidade, o que foi feito foi tortura'. Ele lembra que está incluso no sistema penitenciário há 14 anos, rebatendo que seu perfil já seja conhecido.

Fernandinho Beira-Mar relata supostas ironias da administração. “Aí a direção responde: ‘O preso não tem que escolher'. Não quero escolher. Só quero ter o direito de ter um ambiente salubre para eu poder ler, poder estudar. Estava numa cela escura, sem condição de leitura”, diz o traficante.

O preso ainda conta que os advogados são tratados como cúmplices dos bandidos. Durante o tempo em que fez greve de fome, Beira-Mar relata que sofreu 10 procedimentos administrativos. “Sou contra a greve de fome porque não acho que esse é o caminho. Fiquei em greve de fome para tentar atendimento com o meu advogado. Só depois disso, consegui”, fala.

Ele anda relatou ser alvo de perseguição no sistema prisional federal por fazer denúncias. Em duas ocasiões, o traficante chegou a ser advertido pelo tom de voz usado na audiência. “Muitas vezes, as pessoas têm o entendimento de que eu sou meio arrogante. É que o meu tom de voz, o meu jeito de falar… É que eu brigo pelos meus direitos”, falou Beira-Mar.

Depen

Em nota ao portal UOL, o Depen (Departamento Penitenciário Nacional) disse que as denúncias apresentadas por Fernandinho Beira-Mar são “improcedentes”. O órgão negou os relatos de tratamento inadequado e afirmou atender as necessidades básicas dos custodiados com base na Lei de Execução Penal para “ofertar oportunidades para melhorar a capacidade de reintegração na sociedade”.

Beira-Mar

Condenado a mais de 300 anos de prisão, mesmo em um presídio federal, Beira-Mar continuava a ditar as regras para seu bando por meio de bilhetes e mensagens codificadas. Ele esteve no Presídio Federal de Porto Velho antes de ser levado a Mossoró. Ainda considerado como líder da facção CV (Comando Vermelho), no presídio federal, ele continuava a ditar as regras para seu bando por meio de bilhetes e mensagens codificadas.

A transferência na época, segundo o Ministério da Justiça, se deu por causa da rotina do sistema carcerário federal. Preso desde abril de 2001, Beira-Mar, segundo as investigações e ações policiais contra ele, nunca teria deixado de comandar o crime.