Vítima de tortura, menina de 3 anos foi levada duas vezes para ritual, revela curandeira
A Polícia Civil de Aquidauana a 135 quilômetros de Campo Grande ouviu nesta quinta-feira (14), a curandeira que teria realizado o ritual de cura, em uma menina de 3 anos. A mãe da criança também participou do ritual e foi presa, mas ganhou liberdade. O médico que atendeu a criança no hospital deve ser ouvido […]
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A Polícia Civil de Aquidauana a 135 quilômetros de Campo Grande ouviu nesta quinta-feira (14), a curandeira que teria realizado o ritual de cura, em uma menina de 3 anos. A mãe da criança também participou do ritual e foi presa, mas ganhou liberdade. O médico que atendeu a criança no hospital deve ser ouvido nesta sexta-feira (15).
Durante o depoimento, a curandeira disse na delegacia que a menina estava há 10 dias constipada confirmando o ritual de cura, onde fizeram a criança sentar em um tijolo quente. Mas, ela teria afirmado a delegada Karen Viana que nunca teve problemas em seus rituais e que nenhuma outra criança que cuidou havia ficado machucada. O padrasto da menina também foi ouvido. Ele negou as acusações de abuso contra a enteada.
De acordo com a delegada, o homem não tem envolvimento com o crime. Já o médico que atendeu a menina no hospital da cidade será ouvido nesta sexta (15). A mãe da menina acabou presa depois de levar a filha para um ritual de cura. Ela afirmou que a filha estava com problemas intestinais, e por isso, a levou para uma curandeira.
“A mãe só procurou o hospital por causa das queimaduras na perna da menina. Ela disse que passou pomada nos machucados e que havia dado paracetamol para a criança, que estava muito machucada”, disse a delegada. O crime foi descoberto após a própria mãe buscar atendimento em uma unidade de saúde para tratar da queimadura grave em uma das pernas da criança.
Ao perceber as demais lesões nas partes íntimas e uma possibilidade de crime de abuso sexual, o Conselho Tutelar foi acionado. Após isso, a mãe foi encaminhada para a Delegacia de Polícia para prestar esclarecimentos. No depoimento inicial, a mãe da criança informou que o padrasto da vítima seria o principal suspeito de abusá-la sexualmente. Então, uma viatura da Polícia Civil seguiu até a fazenda de local de trabalho do suspeito. O homem foi localizado e também levado para a Delegacia de Polícia, mas negou qualquer crime.
Ele ainda explicou que as lesões nas partes íntimas foram causadas pela própria mãe e avó da criança ao tentarem realizar uma desobstrução das fezes da menina que já durava 10 dias com um objeto fino cortante e com as próprias mãos.
Após as contradições, a mãe confirmou que mentiu aos policiais sobre a suspeita do padrasto e que as lesões foram causadas ao levar a criança a uma curandeira da aldeia indígena. De acordo com a mãe, no ritual, a criança precisaria sentar-se em um tijolo que estaria em alta temperatura e ao realizar este procedimento teria ocorrido a queimadura na perna.
Somente por conta da gravidade da queimadura, a mãe levou a criança para ser atendida por um médico na aldeia. A criança apresentou sangramento e dor causadas em virtude de introdução forçada de objeto e dedo em seu ânus. A tortura durou cerca de um dia e uma noite. Já no Hospital Regional de Aquidauana, diante da gravidade das lesões no ânus e constipação intestinal, a menor teve que passar por uma cirurgia de emergência.
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