Nesta terça-feira (26), completa-se dois meses desde o achado do corpo do pastor e barman Valdenei Lopes Souza Júnior, de 28 anos, encontrado boiando em um córrego na Avenida Ernesto Geisel, em Campo Grande. A família da vítima diz estar perdida, sem respostas sobre os autores do assassinato.

Em entrevista ao Jornal Midiamax, a esposa de Valdenei, que preferiu ser identificada apenas como Jéssica, afirma não ter recebido quaisquer informações sobre o que pode ter ocorrido com seu marido. “A gente não tem nenhuma informação sobre o caso, a polícia não nos procurou para falar mais nada”, lamenta.

A única vez em que foi acionada para comparecer na delegacia foi para prestar depoimento, segundo ela, dias após o ocorrido. “Eu só quero que a Justiça seja feita e que não caia no esquecimento”, pede.

Valdinei deixou uma filha de apenas cinco anos, à quem Jéssica precisou juntar forças para explicar que o pai não iria mais voltar. “Não está sendo nada fácil para nós da família, já se passaram dois meses e até agora nenhuma informação de nada”, afirma sobre as investigações.

Sobre a hipótese de que ele havia sido sequestrado, após telefonema recebido pela família, Jéssica disse não ter sido confirmada. “Recebemos uma denúncia anônima um dia antes de aparecer o corpo. A polícia foi atrás no mesmo dia, mas se tratava de um trote”.

Segundo o delegado Gustavo Bueno, responsável pelas investigações, a procura pelos autores está avançada e testemunhas já foram ouvidas. “Não posso fornecer mais detalhes, para não prejudicar as investigações”, finaliza.

[Colocar ALT]
(Foto: Henrique Arakaki – Arquivo Midiamax)

Família acredita em tortura

Familiares de Valdinei acreditam que ele foi torturado e seu corpo desovado no córrego. Na manhã do dia 27 de agosto, cerca de 20 familiares se reuniam na casa da mãe de Valdenei, antes do sepultamento. À época, a família optou por cancelar o velório, devido ao estado avançado de decomposição no qual o corpo estava quando foi localizado.

Segundo a viúva dele, de 24 anos, essa havia sido a primeira vez que o marido foi para a igreja sozinho, na noite em que desapareceu, na segunda-feira (23). Ele costumava ir com o carro emprestado da mãe ou acompanhado da filha do casal, de apenas 5 anos.

“Todo dia minha filha pergunta do pai. Ela fala ‘já são cinco horas', que era o horário que ele chegava para ir à igreja com ela”, lamenta. Convicta de que o marido não se suicidou, Jéssica afirma que ele era querido por todos e tinha amizade com pessoas de dentro e fora da igreja. “Ele estava todo ferido na barriga, nas costas, judiaram muito dele, como se tivessem arrastado”.

A esposa rastreou o celular de Valdenei após o desaparecimento e afirma que o último lugar indicado pelo e-mail cadastrado no aparelho era no Bairro Aero Rancho. Entre denúncias falsas, a mãe de Valdenei, de 61 anos, acordou na madrugada de quarta-feira (25) com uma ligação que considerou no mínimo estranha.

“Recebíamos muitas mensagens dizendo que ele estava na rodoviária desorientado, no Bairro Dom Antônio Barbosa, e uma outra de um número privado onde passaram um endereço na Vila Nhanha da mãe de um rapaz que estava com meu filho, no Bairro Aero Rancho”, relata.

Sobrinha de Valdenei, de 18 anos, era quem cuidava do aparelho celular e desconfiou a segurança no tom de voz da denúncia anônima. “Ele falava com muita convicção e ela acordou assustada, então ele disse ‘calma, tenho todo o tempo do mundo para passar o endereço para a senhora'”. Desconfiados, eles acionaram a polícia, mas, segundo a família, o suspeito foi descartado.

A jovem acredita que o tio foi morto em outro local e teve o corpo desovado no córrego. “Se quisessem só matar, tinham esfaqueado ou dado um tiro na cabeça… Queriam causar dor. Se ele tivesse inimizade com alguém, não ia ficar andando sozinho por aí, e tinha contado para o pai dele, porque eram muito próximos”, opina.

[Colocar ALT]
(Foto: Henrique Arakaki – Arquivo Midiamax)

Desaparecimento

O pastor sumiu na última segunda, a pé, para ir até a igreja, que fica a uma distância aproximada de um quilômetro. Quando desapareceu, Valdenei estava com uma camisa do São Paulo Clube e uma calça jogger preta. “Tinha oração na igreja, ele saiu e logo depois minha cunhada chegou do trabalho”, disse a irmã de Valdenei que mora vizinha ao irmão.

Karla conta que como Valdenei demorou para retornar da igreja, a cunhada enviou mensagem, tentou ligar, mas o celular estava desligado. Ela então ligou para os membros da igreja já no final da noite desta segunda e foi informada que o rapaz não havia ido ao culto.