Depoimento revela que mulher de policial teria sido morta em SUV durante briga enquanto buscava ‘provas’ de traição

Dois suspeitos de envolvimento na morte de Márcia estão presos

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Corpo de Márcia foi encontrado na BR-262.
Corpo de Márcia foi encontrado na BR-262.

Depoimento feito à Polícia Civil revela que Márcia Catarina Lugo Ortiz, encontrada morta com um tiro na cabeça na BR-262, no dia 8 de outubro, foi ferida durante discussão enquanto procurava provas de uma suposta traição de seu marido, um investigador aposentado. Duas pessoas já foram presas, incluindo o motorista da SUV em que Márcia entrou antes de desaparecer, identificado como “confidente” dela, e um agiota acusado de ter participado do crime.

O Jornal Midiamax teve acesso ao documento. Parentes de Márcia, que vieram para Campo Grande participar do velório, relataram aos policiais que o ‘confidente’ da vítima havia confessado ter presenciado a morte dela. Segundo relatado, por volta das 19h do dia 7 de outubro, Márcia teria deixado a residência da mãe e seguido em direção à sua casa, nas proximidades.

Contudo, durante o trajeto, ela teria entrado, a princípio espontaneamente, no SUV Toyota SW4 locado pelo conhecido dela. Os dois passaram a monitorar o paradeiro do marido de Márcia, um investigador da Polícia Civil aposentado, pois suspeitavam que ele teria uma amante.

No meio do caminho, Márcia e o confidente teriam sido abordados por um homem identificado como ‘China’ — preso no último dia 15 no bairro Tijuca —,  um cobrador que trabalha para um agiota. Ele estaria em um veículo, ainda não identificado, junto a um comparsa. Com uma arma de fogo, China teria exigido que o acompanhante de Márcia pagasse juros de uma dívida que ele tinha com o patrão de China, o agiota.

Nesse momento, Márcia interveio na situação e, como represália, China teria efetuado um disparo em sua testa, causando ferimento que posteriormente levou à morte da mulher.

Ainda segundo os relatos dos parentes, o confidente teria sido raptado pelo autor e obrigado a entrar no carro ocupado por China, enquanto o comparsa teria assumido o SUV SW4, com o corpo de Márcia, e posteriormente desovado nas margens da BR-262, onde foi localizado no dia seguinte.

O confidente ainda relatou à família de Márcia que os assassinos teriam o constrangido para não revelar o ocorrido à polícia. Ele só teria sido liberado pela dupla e, na sequência, se escondido. A ligação entre a filha de Márcia e o homem foi gravada.

Destruição de provas

O veículo em que Márcia entrou no dia do crime, a SUV SW4, foi devolvido ao locatário com o estofado e funilaria reparados, o que para a polícia demonstra indícios de destruição de provas. O confidente, contudo, não foi encontrado em seu lava-jato, onde o carro foi completamente lavado.

Testemunhas afirmaram que ele estaria escondido em outra cidade, provavelmente na região de fronteira. Por isso, ele passou de testemunha na investigação, para suspeito. No último dia 15, então, ele foi encontrado.

Em depoimento, ele foi questionado sobre o veículo Chevrolet Onix prata, que fazia uso antes de ser preso. Ele informou que o carro foi deixado com um conhecido, filho da proprietária de um hotel localizado na cidade de Bela Vista do Norte, no Paraguai. O confidente afirmou ter deixado as chaves e documentos com o rapaz, dizendo que voltaria para pegá-lo.

Questionado sobre como se deslocou de Bela Vista à Ponta Porã, o homem afirmou que utilizou o referido carro e, ao chegar à cidade fronteiriça, foi orientado por China, por meio de mensagens via WhatsApp, a se livrar do carro, pois ele estaria sendo rastreado.

O confidente informou que ligou para o conhecido que está na posse do veículo e, como o homem já estaria se deslocando para Ponta Porã, entregou o carro para ele. Dois celulares que estavam com ele foram apreendidos.

O homem foi preso temporariamente na última sexta-feira (15). A polícia não descarta o envolvimento ou participação dele no homicídio, uma vez que, segundo as investigações, ele era “confidente de Márcia e tinha relações muito íntimas com ela”. Além disso, somente os dois sabiam da existência do SUV locado e, ao longo das diligências policiais, será apurado como os agiotas tiveram acesso à localização deles, no dia em que Márcia foi levada.

O confidente também não informou aos policiais da 6ª DP (Delegacia de Polícia) e do GOI (Grupo de Operações e Investigações), que fizeram a prisão, o paradeiro do carro locado, de início. O SUV só foi localizado posteriormente, após ter sido lavado e reparado a parte de funilaria, pintura e estofado. O prazo da prisão temporária é, a princípio, de 30 dias.

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(Foto: Leonardo de França – Arquivo Midiamax)

Esposa de policial aposentado

Márcia era esposa de um investigador da Polícia Civil de Mato Grosso do Sul, aposentado em 2007, e desapareceu na noite do dia 7 ao entrar em um carro SUV.

O policial, que esteve no local acompanhado de outro membro da família, fez o reconhecimento. Ele não quis conversar com a imprensa, mas acompanhou as equipes da Polícia Civil e do Batalhão de Choque até a delegacia, para os procedimentos de praxe.

A vítima estava vestida, com roupas e joias — pulseiras, relógio e aliança. Conforme informações apuradas pelo Jornal Midiamax, ela tinha apenas uma entrada de tiro na testa. Ela foi possivelmente morta em outro local e o corpo foi jogado no banco de areia embaixo do córrego.

Um boletim de ocorrência, registrado na tarde da sexta-feira (8), indica o desaparecimento de Márcia na noite de quinta-feira (7), por volta das 19h, na Vila Carvalho. Conforme relato, ela teria saído da casa da mãe e uma testemunha a viu sendo seguida por um carro utilitário SUV. Ao virar a esquina, a mulher entrou no carro e não foi mais vista.

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