Foi publicado comunicado interno para policiais civis de Campo Grande, após a chegada das novas viaturas da Polícia Militar e reforço policial que deve acontecer na Capital. O documento solicita que todas as delegacias mantenham equipes sobreaviso para, se necessário, reforçarem o efetivo das delegacias plantonistas. O fato foi contestado pelas associações nesta terça-feira (13).

Conforme a comunicação interna, assinada pela delegada geral adjunta Rôzeman Geise Rodrigues de Paula, considerando o número de novas equipes operacionais da Polícia Militar, 48 no total, para atuarem no policiamento ostensivo de Campo Grande e adjacências, foi solicitada escala de revezamento de sobreaviso diária das equipes policiais de todas as unidades.

São delegacias compreendidas em três departamentos, 7 de área e mais de 20 especializadas. Com isso, seriam formadas equipes de um delegado, um escrivão e dois investigadores, a serem eventualmente acionados a partir desta terça-feira, por iniciativa do supervisor de plantão em caso de necessidade.

Isso, para a equipe fazer frente à eventual aumento da demanda nos plantões noturnos durante a semana e durante todo o dia nos finais de semana das Depacs (Delegacias de Pronto Atendimento Comunitário) e Deam (Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher). Além disso, as equipes devem usar viatura da própria unidade de lotação.

Reinvindicação

Delegados e policiais civis, que preferiram não se identificar, externaram indignação sobre o comunicado, alegando que manter equipes sobreaviso pode, inclusive, prejudicar investigações da delegacia de origem. Nesta terça-feira, o Sinpol (Sindicato dos Policiais Civis de Mato Grosso do Sul) esteve em contato com a administração da Delegacia Geral.

Segundo o presidente do sindicato, Giancarlo Miranda, é preciso lembrar dos policiais recém-formados, nomeados, mas não empossados. “As delegacias todas trabalham com efetivo mínimo e muito serviço, com inquéritos em andamento”, ressaltou. “Estamos buscando uma alternativa para que não ocorra escala extra”, disse.

Inicialmente, é pensada uma remoção de policiais para as Depacs, para que depois que os recém-formados sejam empossados, possam atender a demanda. “A gente aguarda o bom senso da direção”, afirmou Giancarlo. Além disso, no entendimento dos policiais civis o aumento de efetivo da Polícia Militar impactaria numa redução de serviço nas delegacias, e não aumento, considerando que os crimes reduziriam com a presença policial nas ruas.

“O Governo nomeou mais de 500 policiais militares e não nomeou nem 200 policiais civis”, lembrou. “Seria quase um trabalho escravo. Além disso, não tivemos aumento e as escalas que virão não têm valor para agregar e motivar o policial, que já arrisca a vida todo dia, de forma desumana e vai tirar mais tempo para atender os plantões?”, relatou Giancarlo.

Segundo o presidente do sindicato, foi encaminhado um expediente para a delegada geral adjunta e houve uma conversa entre as partes, com informação de que há possibilidade de alternativas, para que não haja um impacto no trabalho nas demais delegacias.

Em nota, a Polícia Civil informou que a nova determinação tem objetivo de maior eficiência da corporação em possível aumento de demanda de serviço. Confira a nota na íntegra:

A administração superior da Polícia Civil do Mato Grosso do Sul deliberou pera elaboração de escala de reforço (sobreaviso) nas Unidades Policiais da capital do Estado pautada no princípio administrativo da supremacia do interesse público sobre o particular e visa primeiramente atender a coletividade diante da nova realidade vivenciada com a ativação do programa implementado pelo Governo do Estado “Obtenção de Capacidade Operacional Plena” e garante maior eficiência no atendimento ao eventual aumento de demanda a ser apresentada junto às unidade policiais e além disso visa apoiar aos demais policiais civis que já se encontram escalados nos plantões policiais.

Vale salientar que a escala de apoio é prevista em regime de “sobreaviso” e a equipe somente será acionada em caso de considerável desequilíbrio entre a demanda e o efetivo de policiais de plantão nas unidades (DEPAC’s e DEAM), que possa trazer prejuízo ao atendimento em tempo razoável às ocorrências apresentadas e por certo será concedida a folga regulamentar, a fim de que não haja extrapolação de carga horária.

(Matéria atualizada às 18h40 para acréscimo de posicionamento)