Após três anos do assassinato de Joice Viana de Amorim, de 21 anos, encontrada decapitada e com as mãos amarradas para trás, em uma estrada vicinal na região do bairro Santa Emília, em Campo Grande, em maio de 2018, vão a julgamento, nesta terça-feira (26), nove acusados do crime — que são membros da facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital). 

Vão a júri, Davi Miguelão, Danilo de Souza Brito, Eloir Anjos de Oliveira, Ghian Lucas Martinez, Isabella Sanchez dos Santos, Lucas da Silva, Marcos Felipe, Miriã Helena Júlio e Wellison de Souza Silveira. Irão testemunhar no julgamento, investigadores e o delegado titular da DEH (Delegacia Especializada de Homicídios), Carlos Leandro Delano. 

Segundo o juiz Carlos Alberto Garcete, o julgamento dos réus pode durar até dois dias devido ao número de acusados e por ser complexo, com envolvimento de facções criminosas. Mas, que fará o possível para que à noite já se tenha o resultado. 

Devido ao número elevado de réus e por serem membros de facção criminosa, foi necessário um reforço policial no júri e arredores do tribunal. “É para a segurança dos jurados e presentes, assim como, dos policiais que vão testemunhar”, disse Garcete. Para cada réu, são dois militares para a segurança. 

O crime

O crime aconteceu em 2018, quando Militares do 10º Batalhão de Polícia foram acionados por volta das 6h40 da manhã por populares, que encontraram o corpo. A vítima estava sem documentos, o que impossibilitou sua identificação imediata. Sua cabeça estava separada do corpo e ela estava de bruços e com as mãos amarradas com o próprio casaco, em uma estrada de terra na região do Santa Emília.

Dias antes de ser morta, Joice conheceu Weslley Marques da Rocha vulgo, ‘Cabecinha’, de 25 anos, em uma festa. Os dois teriam ido para uma casa, no bairro Jardim Colorado, onde morava um adolescente de 17 anos. No local, também estavam mais dois menores, de 14 e 16 anos.

Em determinado momento, o menor de 14 anos teria roubado o chinelo da jovem. Quando Joice percebeu o roubo ficou irritada e exigiu que o chinelo fosse devolvido, afirmando que era integrante da facção CV (Comando Vermelho) e merecia respeito.

Após a declaração, os adolescentes ligaram para Marcos Felipe Dias Lopes, de 19 anos, vulgo ‘Correria’, que ocupa o ‘cargo’ de ‘disciplina’ do PCC da região do bairro Santa Emília, e avisaram que na casa havia uma menina que se dizia ser integrante da facção rival.

‘Correria’ então mandou Ygor Matheus Dutra dos Santos, de 19 anos, ir até a casa confirmar se Joice realmente era integrante do CV. Após constatar que a jovem realmente fazia parte da facção, outros dois integrantes, Eloir de Oliveira, de 52 anos, vulgo ‘Mil Grau’, e Lucas da Silva, de 19 anos, também foram até a casa, já com a intenção de realizar o julgamento.

Pelo fato de Joice ser uma mulher, foram chamadas duas líderes femininas do PCC, Miria Helena Júlio Pasphuin, vulgo ‘Pandinha’, de 21 anos, e Isabella Sanches dos Santos, vulgo Bellinha, de 22 anos, para participarem do tribunal.

Durante ligação por videoconferência com outros membros da facção, os integrantes receberam a ordem, de dentro do presídio, para levar Joice para outra casa, no bairro Santa Emília, pois a casa que estavam era muito visada pela polícia, já que a proprietária, mãe de um dos adolescentes envolvidos, estava presa por roubo de camionetes.

Execução

Joice foi levada para a casa de Davi Miguelão, no bairro Santa Emília, em um carro Gol, por Wellison de Souza Silveira, vulgo ‘Zé Cotó’, de 23 anos, Lucas, Danilo de Souza brito, vulgo ‘Satã’, de 19 anos, e Miria.

Nessa casa, foi recebida a ordem de dentro do presídio para a jovem ser executada. Antes, Joice foi obrigada a gravar um vídeo que foi divulgado pela facção. Em seguida, ela foi decapitada viva por ‘Satã’, que utilizou uma faca de cozinha para cortar o pescoço da jovem. 

Durante a execução, havia mais um integrante do PCC na casa, Thiago Velasquez de Souza, vulgo ‘Marquinha’, de 31 anos. ‘Marquinha’ foi morto em troca de tiros com a polícia durante um assalto a uma agência bancária em Terenos. Ele era o responsável por vigiar a casa onde Joice foi executada. O corpo de Joice foi enrolado em uma lona e desovado em uma estrada do bairro Santa Emília.