Em documentos e apreensões feitas pela Polícia Federal quando da prisão do chefão do PCC (Primeiro Comando da Capital) Sérgio de Arruda Quintiliano, o Minotauro, foram descobertas planilhas pelos agentes onde apontavam que ele havia recebido mais de R$ 104 milhões pelo envio de cocaína para a . Minotauro havia conseguido documentação nova quando usou dados de um bebê morto.

A vida de luxo do chefão do PCC foi descoberta com sua prisão em fevereiro de 2019, em Balneário Camboriú em Santa Catarina. Os detalhes foram publicados nesta terça-feira (23) por Josmar Jozino do Portal UOL. Minotauro tinha massagista, piloto de avião, governanta, diarista para cuidar de sua família, que ostentava.

Quando preso pelos agentes da Polícia Federal em uma cobertura, que ele pagava o valor de R$ 10 mil por mês foi encontrado um relógio avaliado em R$ 406 mil e outro avaliado em R$ 548 mil. Ainda foi descoberto, segundo publicação do Portal UOL, que Sérgio de Arruda havia conseguido documentos novos em um posto de identificação de Ponta Porã usando o nome de um bebê, que havia morrido três dias depois do nascimento.

Em um notebook encontrado pelos agentes federais havia referência à compra de fazendas em terras paraguaias e também valores sobre pagamentos de propinas a policiais e agentes na fronteira dos dois países. Foi descoberto ainda que Minotauro havia pago R$ 23 mil pelo aluguel de uma lancha para comemorar com amigos o aniversário da mulher em Santa Catarina.

Minotauro entrou para a PCC, quando em 2005 tentou matar um coronel da Polícia Militar em Hortolândia, na região de Campinas, em São Paulo. Já em julho de 2006, ele acabou preso em uma chácara na cidade de Panorama com outros oito criminosos.

Dois meses antes, havia sido recrutado pelo PCC para participar dos ataques às forças de segurança em São Paulo, no episódio conhecido como “Crimes de Maio”. Ainda segundo o relatório da Polícia Federal, que o Portal UOL teve acesso, a missão de Minotauro era ajudar o PCC a ter a hegemonia do tráfico de drogas na fronteira.

Sérgio de Arruda Quintiliano fugiu para Santa Catarina em 2018, depois de se3r condenado a 20 anos por tráfico de drogas. Ele teve o nome incluído na Difusão Vermelha da Interpol.

Tentativa de liberdade negada pelo TRF3

Em fevereiro deste ano, o TRF3 (Tribunal Regional Federal da 3ª Região) indeferiu liminarmente impetrado por Maria Alciris Cabral Jara, esposa de Sérgio de Arruda Quintilliano, o ‘Minotauro'. Condenada a 20 anos e 10 meses de prisão, Maria é apontada como gestora do grupo criminoso pertencente ao PCC (Primeiro Comando da Capital).

Gestora do grupo criminoso

A denúncia aponta que Maria Alciris era braço direito de Minotauro, apontado como liderança do PCC, e ainda gestora financeira do grupo criminoso. Por isso, era responsável por administrar o pagamento dos integrantes da organização e colocava em planilhas os pagamentos mensais aos policiais paraguaios.

Também cuidava de organizar os voos com carregamentos de drogas (horários, voos, pilotos, pistas de pouso) e dos bens móveis e imóveis do grupo. Em parte da investigação, foi inclusive descoberta uma relação direta entre Minotauro e a esposa com a família Pavão, declarada liderança da facção rival CV (Comando Vermelho).

Eles teriam feito o pagamento de uma dívida através da transmissão de uma propriedade. Com isso, Maria Alciris teve contato direto com membros do alto escalão da família Pavão. Ela ainda é investigada por suspeita de autoria intelectual de homicídios como do policial civil Wescley Vasconcelos e da tentativa de homicídio contra homem ligado a Pavão em dezembro de 2018.