O assassinato do menino Davi Luiz Perez Arcanjo, de 7 anos, e de sua mãe, Aline Aparecida Perez Gomes, continua mobilizando os moradores de Ponta Porã, cidade distante 320 quilômetros de Campo Grande, que faz fronteira com Pedro Juan Caballero.

No final da manhã desta segunda-feira (6), centenas de pessoas foram às ruas para acompanhar o sepultamento dos dois. Eles foram vítimas de feminicídio e homicídio praticado por Maurilio Arcanjo, de 62 anos, neste domingo (5), que depois tentou suicídio e segue internado em estado grave no de Ponta Porã.

Davi, de apenas 7 anos, foi morto com dois tiros à queima-roupa na barriga. Ele tentava proteger a mãe Aline que foi atingida por cinco disparos. Pela forma que a criança foi morta, ela teria se colocado entre o pai e a mãe para protegê-la dos tiros.

Por baixo de uma farda surrada e já acostumada com crimes bárbaros e casos constantes de violência sem medida, bate um coração. Essa é a história de um policial militar lotado em Ponta Porã, cidade que faz fronteira com Pedro Juan Caballero, um dos lugares mais violentos do Brasil, que chorou ao atender à ocorrência. Ele foi um dos primeiros a chegar à cena do crime. 

Apesar do olhar calejado pelas cenas quase que diárias de violência ao longo dos seus anos de serviços prestados na fronteira, o policial não se conteve e caiu em prantos ao presenciar a cena de uma criança de braços abertos morta sobre o corpo da mãe, na tentativa de protegê-la da fúria do seu próprio pai.

“Somos acostumados com cenas fortes de assassinatos e execuções, mas ver um filho de 7 anos pular na frente para proteger sua mãe e morrer em cima dela, comove qualquer pai de família”, disse o policial, que prefere não se identificar.

Os disparos foram feitos com a arma encostada na barriga do menino que apresentava queimadura provocada pela pólvora. Depois de cometer o crime o assassino ligou para um amigo e contou que tinha matado a esposa e o filho e que cometeria suicídio.

“É o seguinte: Eu acabei matar a Aline e matei o Davi. E daí eu vou me matar. Eu vou deixar o portão aberto e aí você vem aqui e toma as providências cabíveis tem que tomar e chama a polícia. Tá Bom? Só isso que eu tenho para te avisar, beleza?”, relatou Maurílio ao amigo identificado como ‘Tião'.