Levantamento feito pela Polícia Civil mostra que entre os meses de janeiro e outubro de 2020, 300 pessoas caíram no golpe do falso boleto bancário em . Somente em , foram registrados 61 boletins de ocorrência conforme dados divulgados pela 6ª Delegacia de Polícia. A ação consiste em encaminhar ao informações bancárias falsas, para que ele efetue o pagamento aos estelionatários e não às instituições financeiras.

As vítimas geralmente são pessoas que estão pagando algum tipo de financiamento e, eventualmente, necessitam da emissão de uma segunda via do boleto ou tentam quitar a dívida. Elas então acessam a internet e, por meio de mecanismos de busca como o Google, tentam encontrar o site da financeira, e é justamente aí que os golpistas agem. Muitos criam sites falsos idênticos aos originais e manipulam as informações para que apareçam primeiro nas pesquisas.

Sem imaginar que está seguindo para uma armadilha, a vítima entra em contato com o setor de atendimento indicado e acaba direcionada para uma conversa via WhatsApp. Em seguida, o falso atendente emite um boleto com informações dissimuladas e o consumidor efetua o pagamento, acreditando que está honrando a dívida. No entanto, acaba descobrindo o golpe dias depois, ao receber a primeira cobrança por parte da verdadeira financeira.

Também é comum que golpistas tenham acesso ao banco de dados dos clientes e emitam deliberadamente boletos falsos, enviados por email, e pelo próprio WhatsApp. De acordo com o delegado Jeferson Rosa Dias, titular da 6ª Delegacia de Polícia Civil de Campo Grande, o consumidor precisa estar atendo. O primeiro ponto verificar se o site é verdadeiro.

“Devem acessar o endereço eletrônico que vem indicado no carnê e ligar somente para os números oficiais da instituição financeira. Outra dica é verificar no Boleto o campo Agência/Código do Beneficiário, se o recebedor é realmente o CNPJ [Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica] da financeira ou se é conta ou nome de pessoa física”, afirma a autoridade policial.

Por sua vez, Higor Henrique Picolli Nucci, mestre em Computação Aplicada, explica que para identificar o site, é preciso estar atento à URL, que é o endereço eletrônico que permite que o site seja encontrado pela rede. “Se você não se sentir seguro ao acessar um site, e este site envolver transações financeiras, não faça. Também busque indicações do seu navegador que apontam se o site é seguro”, explica.

Outro ponto importante é navegar para checar a funcionalidade do sistema. “Sites assim geralmente são incompletos e só funcionam a página inicial, com objetivo de pedir login, senha e número da conta. Navegue e tente acessar outros links para ver se funciona. Se não for confiável, não passe dados bancários. Além disso, nunca clique em links que você recebe por SMS ou WhatsApp. Sempre procure você mesmo o site verdadeiro”.

Exemplo no interior do MS

Estelionatários que se passavam por agentes de uma financeira deram golpe de R$ 9 mil em um homem de 33 anos, morador em Aquidauana, que tentava quitar o financiamento de um veículo pela internet. Os criminosos criaram um site falso pelo qual a vítima entrou em contato, forneceu dados e solicitou um boleto. Os fatos ocorreram no mês de abril. Conforme boletim de ocorrência, o homem disse  acessou a internet em busca do site da financeira, pois queria pagar as últimas parcelas da dívida todas de uma só vez.

Ele obteve contato por um canal de atendimento disponibilizado e passou a conversar por WhatsApp com uma pessoa que se apresentava como funcionária da empresa. Por este motivo, a vítima solicitou a quitação, recebeu o boleto no email e fez o pagamento. Porém, no último dia 9 recebeu ligação da empresa, de verdadeiros funcionários, dizendo que a parcela dele estava em atraso. Ao dizer que havia quitado, foi informado que caiu em um golpe e que o site que havia acesso era falso. O caso foi denunciado à Polícia Civil.