Os homens e o ciúme doentio: MS registra 7,5 mil casos de violência doméstica em 9 meses
“Achei que estava me traindo”. Esse é um dos principais motivos relatados em boletins de ocorrência de agressão contra mulheres em Mato Grosso do Sul. Por trás da ‘justificativa’ dos agressores, na maioria homens, estão os efeitos causados nas vítimas, como a perda da liberdade individual e traumas que podem levar anos para serem curados. […]
Arquivo –
Notícias mais buscadas agora. Saiba mais
“Achei que estava me traindo”. Esse é um dos principais motivos relatados em boletins de ocorrência de agressão contra mulheres em Mato Grosso do Sul. Por trás da ‘justificativa’ dos agressores, na maioria homens, estão os efeitos causados nas vítimas, como a perda da liberdade individual e traumas que podem levar anos para serem curados. Outro ponto em comum entre os milhares de casos desse tipo e que antecede os crimes é o ciúme doentio.
Do dia 1º de janeiro de 2020 até esta segunda-feira (5), foram registrados 7.568 casos de violência doméstica em Mato Grosso do Sul. Desses, 2.613 apenas em Campo Grande. Os dados são da Sejusp (Secretaria de Justiça e Segurança Pública) e estão enquadrados na categoria de crimes contra a liberdade individual.
“Ela [a vítima] relatou aos agentes que após chegarem em casa de uma festa, o marido, sob efeitos de bebida alcóolica passou a agredi-la e que ele bateu sua cabeça no chão da residência. A mulher também apresentava perfurações no dedo e escoriações no ombro”
“Segundo o boletim de ocorrência, as agressões começaram quando o casal discutiu por desconfiança de traição sendo que o autor jogou a mulher no chão e passou a espancá-la com chutes no rosto causando vários ferimentos e a deixando ensanguentada”
A psicóloga, servidora pública e mestre em psicologia Luiza Nabarrete, 31 anos, aponta o ciúme como uma das causas principais de violência doméstica. “Em maior ou menor grau, todos já sentiram ciúmes um dia. Todos temos algum tipo de insegurança. Quando ele é operado de modo irracional, vira uma patologia”, explica.
As agressões físicas, verbais e que, muitas vezes, tiram a vida de mulheres, cometidos pelos seus próprios parceiros, seja namorados, maridos ou conviventes, dizem muito mais sobre o agressor do que sobre a vítima.
“No local, a polícia ouviu relatos da vítima, de 53 anos, segundo os quais o marido teria chutado a porta de sua casa (amassando-a e quebrando os vidros). Além disso, segundo ela, o acusado teria ditado que “se te pegar com outro macho, mato você e ele”
Quando o “amor” vira doença?
Em certos casos, mesmo que o relacionamento termine, as marcas emocionais podem se refletir nos envolvimentos seguintes, caso a vítima não procure ajuda. Apesar da “doença” ser fruto de expressões violentas do agressor, é a vítima quem necessita de tratamento.
Ainda segundo a psicóloga, os casos retratados diariamente a partir de relatos de vítimas na imprensa ou pela formalização na Polícia Civil, é uma medida extrema de um ato irracional que pode ser evitado. “Quando a pessoa opera pelo controle e vigilância sobre a outra, quer restringir o círculo de amigos, passa do limite e vira agressão física ou verbal, “não pode usar esse batom ou essa roupa”, não existe mais lógica, é um comportamento irracional e se transforma numa bomba relógio”.
“As agressões começaram quando o homem foi até a casa da ex para buscar pertences pessoais, sendo que ela contou que ao chegar na sua residência, o homem já estava agressivo quebrando seu celular e a derrubando em cima da cama”
Desde que concluiu sua pesquisa, em 2014, a psicóloga Luiza observa a intensificação dos excessos de ciúmes com o aumento do uso das mídias sociais. Ela explica que, em qualquer relação, não existe uma extensão do outro em nós mesmos.
“Não vivemos numa bolha e precisamos manter nossa autonomia e individualidade. O casal não é uma coisa só, não existe só um para o outro. Para além daquela relação existem seus amigos, familiares e seu trabalho. O relacionamento é uma parte, não pode ser o todo”, resume.
“Por volta das 22h, o casal estaria ingerindo bebidas alcoólicas e, em certo momento, o autor teve um ataque de ciúmes da mulher, jogando móveis no quintal e ateando fogo. Depois, ele teria tentado enforcar a vítima”.
Como pedir ajuda
Em Campo Grande, a Casa da Mulher Brasileira está localizada na Rua Brasília, s/n, no Jardim Imá, 24 horas por dia, inclusive aos finais de semana, para que as mulheres vítimas de violência não fiquem sozinhas, mesmo em tempos de pandemia.
Funcionam na Casa da Mulher Brasileira uma Delegacia Especializada; a Defensoria Pública; o Ministério Público; a Vara Judicial de Medidas Protetivas; atendimento social e psicológico; alojamento; espaço de cuidado das crianças – brinquedoteca; Patrulha Maria da Penha e Guarda Municipal. É possível ligar para 153.
Existem ainda dois números para contato: 180, que garante o anonimato de quem liga, e o 190. Importante lembrar que a Central de Atendimento à Mulher – 180 -, é um canal de atendimento telefônico, com foco no acolhimento, na orientação e no encaminhamento para os diversos serviços da rede de enfrentamento à violência contra as mulheres em todo o Brasil, mas não serve para emergências.
As ligações para o número 180 podem ser feitas por telefone móvel ou fixo, particular ou público. O serviço funciona 24 horas por dia, 7 dias por semana, inclusive durante os finais de semana e feriados, já que a violência contra a mulher no Brasil é um problema sério no país.
Notícias mais lidas agora
- Catafalco: Traficantes usavam carro de funerária para transportar cocaína e maconha em MS
- Famoso por abrigar Park’s Bar por mais de 30 anos, espaço no Itanhangá Park será sede cultural da ACP
- ‘Você não é mulher’: Médico se nega a dar resultado de exame e diz que RG é falso
- Mato Grosso do Sul investiga primeira morte por dengue em 2025
Últimas Notícias
Jd. Los Angeles, Centro Oeste e mais: confira o itinerário do fumacê nesta quarta-feira
As equipes trabalharão das 16h às 22h
Idoso sofre traumatismo craniano após ser atropelado enquanto conduzia um cavalo na BR-419
A vítima foi encaminhada ao pronto-socorro do Hospital Regional de Aquidauana
IFMS seleciona bolsistas para programa de fortalecimento dos Guarani Kaiowá em Dourados
As inscrições ocorrem de 6 a 16 de fevereiro
Prazo para matrícula na UEMS tem início nesta quarta-feira
Estudantes aprovados na 1ª chamada do Processo Seletivo Vestibular e no Processo Seletivo Permanente – Histórico Escolar têm até sexta-feira para efetuar a matrícula
Newsletter
Inscreva-se e receba em primeira mão os principais conteúdos do Brasil e do mundo.