Será julgado a partir das 08h30 desta sexta-feira (11), o pintor Bruno da Rocha, acusado de matar com uma facada no peito no dia 14 de abril do ano passado, o major do Exército e professor campo-grandense Paulo Setterval. O crime ocorreu em frente a um hotel de Bonito, a 300 quilômetros da Capital. Para a família da vítima, o júri representa o fim de um ciclo de sofrimento.

Segundo a viúva Elaine Setterval, de 47 anos, a expectativa é de que o réu pegue pena . “Marca o fim desse ciclo de sofrimento. A gente espera que justiça seja feita […] e que ele pague pelo que fez, pois tirou a vida de uma pessoa inocente. Foi covarde e atacou à espreita. Por isso, espero que pegue o máximo de tempo possível”, disse ela, que não pretende acompanhar o julgamento.

“É um momento complicado, até por causa do (Covid-19). Então, não queremos aglomeração”, destacou. Elaine afirma que o crime causou dano irreparável à família. “Faço terapia até hoje. Naquele dia, abriu um abismo na minha frente e sinto que ainda estou em queda. Ele [Bruno] arrancou o grande amor da minha vida, meu melhor amigo e pai de um garoto de 15 anos”.

Apesar da dor, a lembrança dos bons momentos ao lado de Paulo são alento. “É uma pessoa que deixou muito amor. Todos se lembram dele pela forma carinhosa que ele tratava a todos, alunos, ex-alunos. Apesar de tudo, colho o que Paulo plantou, no sentido de que tenho recebido muito amor de volta. É triste, porque saímos para passar um fim de semana e voltei com meu marido no caixão”.

O Crime

Na data dos fatos, Paulo estava com a esposa e amigos, passeando em Bonito. À noite, o professor foi para a frente do hotel em que estava hospedado. Em determinado momento, Bruno passou em uma bicicleta, parou e pediu um cigarro. No entanto, o pedido não foi atendido. Então Bruno voltou momentos depois, sem a bicicleta, e abordou Paulo.

Quando a vítima se virou para ver quem era, foi atingida com um de faca no tórax. Com isso, foi feita denúncia contra Bruno pelo homicídio qualificado por motivo fútil, além de recurso que dificultou a defesa do ofendido. O julgamento chegou a ser marcado, mas precisou ser reagendado a pedido da defesa e por conta da pandemia do coronavírus.