Família diz ter sido ameaçada por deputado em discussão sobre conserto de carro

Uma família do bairro Universitário, região sul de Campo Grande, acusa o deputado federal Loester Trutis (PSL) de ameaça-los com uma arma de fogo e levar um celular onde estavam imagens de uma confusão entre as partes. O caso já foi comunicado a Polícia Civil e será melhor apurado na próxima semana para confirmar a veracidade […]

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Funilaria onde a confusão com o deputado aconteceu (Google Street View)
Funilaria onde a confusão com o deputado aconteceu (Google Street View)

Uma família do bairro Universitário, região sul de Campo Grande, acusa o deputado federal Loester Trutis (PSL) de ameaça-los com uma arma de fogo e levar um celular onde estavam imagens de uma confusão entre as partes. O caso já foi comunicado a Polícia Civil e será melhor apurado na próxima semana para confirmar a veracidade dos fatos.

Além da família, dona de uma funilaria automotiva, o próprio deputado procurou a 1ª DP (Delegacia de Polícia Civil) e registrou o caso em boletim de ocorrência como Preservação de Direito. No documento, não há citação sobre o suposto uso de armas na situação, nem sobre a suposta subtração do celular com imagens da discussão.

Tudo começou no domingo (12), na rua Marques de Olinda. Ali, Trutis passava com seu veículo, uma Dodge Journey, quando um pintor de carros estacionou um Vectra e, ao abrir a porta, bateu na lateral do carro do deputado. Devido a profissão do rapaz, ficou acertado com ele e sua família que o conserto seria feito na própria funilaria da família.

Conforme o relato dos familiares ao Jornal Midiamax, Trutis teria descido do veículo nervoso após a batida, com uma arma em punho. Contudo logo ele foi acalmado e a situação resolvida. Já no boletim feito por Trutis, ele diz que estava com pressa, pois tinha compromisso marcado em Corumbá, e concordou em arrumar o carro na funilaria.

Confusão aumentou nesta sexta-feira

Passada quase uma semana, nesta sexta-feira (17), o deputado federal foi buscar a Dodge na funilaria. Segundo a versão da família, ele gostou do serviço feito, mas discordou do conserto do retrovisor do veículo. “Eu usei cola de para brisa, e não veda-choque como estava antes. Mesmo assim ele não gostou e quis que pagássemos um novo”, explica.

Em contraponto, Trutis afirma no boletim que não gostou do serviço, sendo que partes pretas do carro ficaram com respingos de tinta branca. Além disso, ele apontou que o retrovisor ficou sem a funcionalidade de ajuste que possuía anteriormente.

“Meu filho disse para ele que estava sendo abusado só por que era deputado, e foi aí que ele tirou a arma de cintura e ficou com ela na mão. Minha nora tentou filmar, mas um assessor dele conseguiu impedir. Depois meu outro filho, que é cadeirante, chegou”, conta o dono da funilaria, pai do pintor que bateu no carro de Trutis no domingo.

Ainda segundo o funileiro, que tem 70 anos, seu filho cadeirante começou a filmar a situação, porém, em dado momento Trutis se aproximou e tomou seu celular onde estavam as imagens. A esposa do funileiro ainda teria tentado conversar com o parlamentar para que o vídeo fosse apagado, mas foi ignorada.

“Tudo isso aconteceu com ele com a arma em punho. Quando minha mulher chegou perto dele para tentar recuperar o celular do nosso filho cadeirante, ele gritou para se afastar e não tocar nele. Passamos muito nervoso”, frisa o funileiro.

Versão de Trutis diverge da apresentada pela família

Entretanto, na versão apresentada à polícia pelo deputado, ele relata que foi recebido agressivamente pela família dona da funilaria, mesmo que não houvesse motivo aparente para tal. Ele ainda indica que uma mulher não identificada filmou tudo. Não há nenhuma citação sobre tentativa de impedir a gravação e ainda a subtração do celular.

A reportagem tentou contato com o deputado federal, inclusive deixando recados, para saber se ele dará um posicionamento dele sobre a questão. Contudo, até o fechamento do texto, nenhuma das tentativas obtiveram êxito. Caso haja vontade de Trutis apresentar posicionamento sobre o caso, o espaço segue aberto.

Já a versão dada pela família ao Jornal Midiamax foi checada e comparada ao relato dado também à PM (Polícia Militar). O mesmo relato foi devidamente documentado e anexado ao boletim inicial feito por Trutis, para posterior uso na investigação – as imagens de uma conveniência próxima devem ser usadas no trabalho.

Trutis procurou diretamente a 1ª DP para realizar o registro, enquanto a família acionou a PM e foi levada primeiro para confecção do documento no pelotão das Moreninhas. Devido a um raio na região, a 4ª DP – responsável pela região – ficou sem internet e só no fim da tarde a família conseguiu dar sua versão à Polícia Civil, também na 1ª DP.

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