Após 15 anos trabalhando “para os outros”, Everton Quebra de Oliveira e o amigo de infância Rodrigo Xavier haviam realizado sonho de ter a própria oficina mecânica há cinco meses. Os dois moravam na mesma rua e se tratavam como irmãos, até Everton conhecer a atual esposa, há dois anos, e se mudar. No dia do , último domingo (22), ele comemorava o aniversário do irmão de sangue.

Diferente do primeiro relato, Everton foi morto a facadas não tentando defender uma mulher de agressões, mas sim uma adolescente, de apenas 13 anos. Rodrigo não estava no local da festa, apesar das famílias terem se uma só há anos. Foi o pai de Rodrigo quem ficou responsável pelo “churrasco de domingo”, que deveria ser apenas de comemorações.

“Eu tinha ido no aniversário de outro amigo nosso e não me senti bem para ir. Quando aconteceu meu pai não estava mais lá, nem a mãe dele, que já é , então foi bem no final”, explica Rodrigo. Foi para ele que a esposa de Everton ligou a caminho da unidade de saúde, na tentativa de socorrer o marido. Segundo ele, Everton ainda chegou no posto andando.

O sobrinho de Everton, que também se envolveu na discussão, na tentativa de defender a adolescente de agressões, foi esfaqueado e já passou por cirurgia na região do tórax. O rapaz necessitou de transfusão de sangue e Rodrigo conversou com ele ainda nesta segunda-feira. O quadro é considerado estável, mas ele segue internado no Hospital Regional.

O assassino, segundo Rodrigo, não estava na festa e ninguém o conhecia. Já a adolescente era convidada. Familiares e amigos informaram a Rodrigo que o autor das facadas era filho do vizinho do espaço de festa alugado para o aniversário. Ontem, no final da tarde, a adolescente e o pai dela compareceriam à delegacia para prestar depoimento.

Sonho de criança

Rodrigo e Everton comemoravam cinco meses do sonho da vida deles: a oficina mecânica montada pelos dois. Agora, ele se vê perdido com tantos planos.

“Morávamos na mesma rua, o Everton tinha mudado há dois anos, quando casou. Não sei o que vai ser a partir de agora. Não sei se vou ter forças para abrir a oficina, não sei nem o que vou fazer amanhã…”, diz Rodrigo.

Os dois trabalhavam 15 anos juntos em outra oficina mecânica para juntarem dinheiro com o sonho de abrirem o próprio negócio. Rodrigo conta que Everton viajava, tinha seu próprio carro e estava feliz com o casamento. No velório, realizado na tarde desta segunda-feira, Rodrigo contou pelo menos 400 pessoas e relembrava o quanto o amigo-irmão era amado por cada um que o conhecia.