‘Dizer que sofreu abusos na infância não atenua o crime’, diz psiquiatra sobre pedofilia

Dois dos presos em operação contra pedofilia deflagrada pela DEPCA (Delegacia Especializada de Proteção à Criança e ao Adolescente) na quinta-feira (29), em Campo, disseram que sofreram abusos quando crianças. No entanto, de acordo com o médico psiquiatra José Alaíde dos Santos Lopes, tal alegação não atenua a gravidade do crime cometido, embora haja relação […]

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Dois dos presos em operação contra pedofilia deflagrada pela DEPCA (Delegacia Especializada de Proteção à Criança e ao Adolescente) na quinta-feira (29), em Campo, disseram que sofreram abusos quando crianças. No entanto, de acordo com o médico psiquiatra José Alaíde dos Santos Lopes, tal alegação não atenua a gravidade do crime cometido, embora haja relação entre os traumas sofridos e o comportamento na vida adulta.

O especialista explica que a pedofilia é uma doença comum entre homens que foram violentados na infância, como relataram o empresário preso no Vilas Boas e o sargento do Exército Brasileiro preso no Lar do Trabalhador, flagrados com pornografia infantil. Quando adultos, eles tendem a reproduzir a violência sexual vivida enquanto crianças, como uma forma de ‘resolver’ o passado. Neste sentido, muitos passam a consumir pornografia infantil.

“O problema é que eles não se veem como doentes e não procuram tratamento”, explica Lopes. O médico, com experiência neste tipo de caso, afirma que a maioria passa a tratar o referido comportamento como questão de saúde somente após uma eventual prisão. “Quase nunca é por vontade própria, geralmente é por imposição, porque o juiz determinou assim”, destacou. Porém, o fato de ser uma doença não os isenta de responsabilidade.

Conforme o psiquiatra, a pedofilia é apenas um aspecto da personalidade da pessoa que não funciona bem, no mais, leva uma vida normal. Ou seja, mesmo não se enxergando como doente, o pedófilo sabe que o que faz é errado. “O indivíduo é capaz de compreender a reprovação de sua conduta”. Por isso, muitos se aproveitam do anonimato da internet e procuram comunidades secretas para compartilhar e consumir pornografia infantil.

“No aspecto criminal, devem responder proporcionalmente aos atos cometidos […] dizer que foi abusado na infância não atenua o crime”, destaca o médico. Ele pontuou ainda que nem todos os pedófilos são estupradores e nem todos os estupradores têm histórico de consumo de pornografia infantil. Por outro lado, é possível que quem consome este tipo de conteúdo na internet, caso tenha oportunidade, venha a abusar de crianças. Por isso, ao apresentar sintomas, é importante que procure ajuda médica. “Existem tratamentos e medicamentos que amenizam os sintomas”, completou Lopes.

Operação

Na quinta-feira, a DEPCA deflagrou a terceira fase da Operação Deep Caugth, com objetivo de combater o compartilhamento de pornografia infantil. Além do empresário e do sargento, foram presos um advogado, que também é policial militar, e um auxiliar contábil. Foram apreendidos celulares, computadores, HD’s e notebooks com 202 gigas de arquivos pornográficos, num total de 75 mil fotos de crianças e adolescentes em caráter sexual.

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