O tenente-coronel Jidevaldo Souza Lima preso durante a Operação Avalanche, que levou para a cadeia militares do alto escalão de Mato Grosso do Sul que estavam envolvidos com contrabando de cigarros, teria justificado o aumento patrimonial crescente desde 2015 ao fato de segundo o tenente ter recebido um prêmio da loteria, no valor de R$ 203,4 mil.

Durante as investigações feitas pelo (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado) foi descoberto que o grupo recebia propinas que variavam de R$ 15 a R$ 150 mil, sendo que no caso do tenente, ele teria afirmado que os vários depósitos feitos em sua conta seria ,pelo fato de ter ganho na loteria o valor de mais de R$ 203 mil. Em um único dia teve um depósito na sua conta de R$ 21 mil e R$ 15 mil, em 2018. Antes de ser preso, o militar chefiava da 4ª Seção do Estado Maior da PMMS, onde atuava na ‘Política e Planejamento de Logística' recebendo o valor de R$ 22.851,93 como rendimento fixo na Sejusp.

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Depósitos feitos na conta do militar não tinham origem

Extratos bancários da conta do tenente mostram depósitos recorrentes que tiveram início em março de 2015 se estendendo até 2019, sendo que muitos deles feitos quando o militar comandava a unidade da Polícia Militar de Sidrolândia. Em um espaço de três dias, o tenente recebeu em suas contas depósitos que somados resultaram em R$ 6 mil.

A somatório de todo o dinheiro depositado na conta do militar chegou a R$229.548,60, que ele disse ser de prêmio da loteria. Com o dinheiro, Jidevaldo adquiriu uma chácara no valor de R$ 185 mil, carro no valor de R$ 56 mil e vários móveis para a sua casa que custaram R$ 25 mil. Todos os militares alvos operação ainda continuam presos, no Presídio Militar de .

A Operação Avalanche aconteceu em desdobramento da Operação Oiketicus, que foi deflagrada em 2018 e levou para a cadeia 29 policiais militares sendo que destes foram inocentados Anderson, Claudomiro, Claiton, Clodoaldo, Kleber, Nazário, Nestor, Nilson, Roni, Salvador e Wagner. Os outros foram condenados, mas nem todos respondem pelos mesmos crimes. Dentre eles, Angelucio, Elvio, Erick, Francisco, Ivan, Jhondnei, Lisberto e Valdson tiveram pedidos acatados pelo STF (Supremo Tribunal Federal) e cumprem as condenações em liberdade, com medidas restritivas.

Denúncia Gaeco

O Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado) e pela 24ª Promotoria na última sexta-feira (5) ofereceu denúncia contra o grupo criminoso de militares que chegavam a receber propinas entre de R$ 10 mil a R$ 150 mil.

A promotoria classificou a conduta dos oficiais como sendo da mais alta gravidade, além de “ferir frontalmente o decoro da classe, o pundonor e o sentimento de dever, de maneira que se torna incompatível com a atividade policial militar”. Após a operação, deflagrada em 16 de maio, os comandos foram trocados e todos os presos afastados das funções.

Prisão de militares na Avalanche

Mandados foram cumpridos em Campo Grande, Coxim, Sidrolândia, Naviraí, Aquidauana e Dourados. Todos os alvos da operação que resultou em sete prisões tinham bom trânsito político, salários mensais na faixa dos R$ 20 mil e posições de comando na Sejusp (Secretaria Estadual de Justiça e Segurança Pública).

Foram presos o ex-comandante do DOF (Departamento de Operações de Fronteira) Kleber Haddad Lane, tenente-coronel Carlos da Silva, tenente-coronel Wesley Freire de Araújo, tenente-coronel Josafá Pereira Dominoni, major Lu8iz César de Souza Herculano, tenente-coronel Jidevaldo de Souza Lima e tenente-coronel Erivaldo José Duarte.

Operação Oiketicus III

A operação Avalanche é um desdobramento da Oiketicus e está em sua terceira fase, com cumprimentos de mandados em várias cidades do Estado. Em Dourados, a casa do comandante do 3º batalhão local da PM também foi alvo de cumprimento de mandado de busca e os agentes saíram do local com vários documentos. O comandante foi levado para o batalhão de polícia da cidade e contra ele havia um mandado e prisão.

A primeira fase da Operação Oiketikus foi desencadeada pelo Gaeco do Ministério Público Estadual e pela Corregedoria Geral da Polícia Militar, em 2018 e levou a prisão cerca de 29 policiais que foram denunciados por passiva e , por integrarem a chamada “Máfia dos Cigarreiros”.

As investigações iniciaram em abril de 2017 e apontaram que policiais militares de Mato Grosso do Sul davam suporte ao contrabando, mediante pagamento sistemático de propina, interferindo em fiscalização de caminhões de cigarros para que não ocorressem apreensões de cargas e veículos, além de adotarem outras providências voltas para o êxito do esquema criminoso. Os cigarreiros agiam associados desde o início de 2015, estruturalmente ordenados e com divisão de tarefas. As atividades eram desenvolvidas em dois grandes núcleos.