O MPMS (Ministério Público Estadual) entrou com pedido para que o delegado Márcio Shiro Obara, preso na deflagração da Omertà III, em , ganhando a liberdade após pagamento de fiança de R$ 26 mil, em agosto deste ano, volte para a prisão.

Em seu parecer, o Ministério Público afirma que o delegado deve voltar a prisão para assegurar a ordem pública já que ele foi denunciado por passiva, lavagem de dinheiro e obstrução da justiça. Ele é acusado de receber propina no valor de R$ 100 mil para não investigar o assassinato de Ilson Figueiredo, morto na , em 2018.

Ainda segundo o MP,  Obara estava impedindo o avanço das investigações a mando de Jamil Name, Jamil Name Filho, Flávio Côrrea Jamil Georges e Fahd Jamil. Em uma de suas frases ditas, o delegado teria afirmado “As duas organizações criminosas mais poderosas do Estado, e que se comunicam entre si”.

Após a sua libertação, o delegado passou a cumprir medidas cautelares como utilizar tornozeleira eletrônica, além de ter que cumprir determinações como recolhimento domiciliar noturno durante a semana durante o dia todo aos sábados, domingos e feriados.

Propina

O delegado era investigado desde a primeira fase da Omertà, em setembro de 2019. Ele era suspeito de receber propina de R$ 100 mil para não investigar a execução de do policial da reserva e chefe da segurança da Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul em 2018.

Segundo as investigações, no dia do homicídio de Ilson Martins de Figueiredo, investigadores da DEH (Delegacia Especializada de Homicídios) teriam encontrado no carro da vítima um envelope com a inscrição “Dossiê”, com prints de uma conversa entre Ilson e alguém identificado como Padrinho.

No diálogo, é informado que a morte de Ilson foi discutida e autorizada em uma reunião em Ponta Porã, cidade onde vive Fahd. Tal interlocutor, Padrinho, alertava Ilson para que tomasse cuidado. Além disso, nas mensagens foi mencionada a morte de Betão, Alberto Aparecido Roberto Nogueira. Ele teria sido executado por estar envolvido no homicídio de Daniel Alvarez Georges, filho de Fahd Jamil, irmão de Flávio.

Investigadores chegaram a confirmar a existência dos documentos e prints, que nunca constaram nos autos do inquérito feito pelo delegado Obara. Entre outras tentativas de ocultar provas, outros materiais e documentos também não constaram no inquérito policial, confirme afirma o Gaeco.

Omertà III

O objetivo da terceira fase da Omertà foi de desbaratar organização criminosa atuante em Mato Grosso do Sul, especialmente na região de fronteira, dedicada à prática dos mais variados crimes. Segundo o Gaeco, são crimes como , homicídios, corrupção e lavagem de dinheiro. Com isso, foram cumpridos 18 mandados de prisão preventiva, 2 mandados de prisão temporária e 20 mandados de busca e apreensão nas cidades de Campo Grande, Ponta Porã, Ivinhema e, com o apoio do Gaeco de São Paulo, em Peruíbe.

Foram presos: Benevides Cândido Pereira, o Benê, o investigador da Polícia Civil Célio Rodrigues Monteiro, o Manga Rosa, Cinthya Name Belli, também policial civil Frederico Maldonado de Arruda, o Fred, Elvis Elir Camargo Lima, o ex-deputado estadual e conselheiro do TCE-MS (Tribunal de Contas do Estado de Mato Grosso do Sul) Jerson Domingos, Lucas Silva Costa, o Lukinhas, Lucimar Calixto Ribeiro, o Mazinho, o delegado da Polícia Civil Márcio Shiro Obara, Rogério Luis Phelippe e Rodrigo Betzkowski de Paula Leite, o Rodrigo Patron, todos estes alvos de Campo Grande.

Em Ponta Porã foram alvos: Fahd Jamil, o Fuad, o filho dele Flávio Correia Jamil Georges, o Flavinho, Melciades Aldana, o Mariscal, Marco Monteoliva (que estaria agora em São Paulo) e Thyago Machado Abdulahad (que estaria em Ivinhema). Mandados de prisão temporária foram expedidos contra Davison Ferreira de Farias de Campos e Paulo Henrique Malaquias de Souza, em Campo Grande. O Gaeco ainda não divulgou o balanço completo das prisões, mas sabe-se que além dos investigados na primeira fase da Omertà, foram por enquanto presos Obara e Jerson Domingos.