‘A Fernanda não ficou inerte’, diz promotor em julgamento de cafetina acusada de matar ex-superintendente
O promotor do Ministério Público, Bolivar Luis da Costa Vieira bateu de frente com a versão apresentada por Fernanda Aparecida da Silva Sylvério, 28 anos, ré pelo assassinato do ex-superintendente da Sefaz (Secretaria de Estado de Fazenda), Daniel Nantes Abuchaim, em novembro de 2018. Ela afirma que uma terceira pessoa matou Daniel e que apenas […]
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O promotor do Ministério Público, Bolivar Luis da Costa Vieira bateu de frente com a versão apresentada por Fernanda Aparecida da Silva Sylvério, 28 anos, ré pelo assassinato do ex-superintendente da Sefaz (Secretaria de Estado de Fazenda), Daniel Nantes Abuchaim, em novembro de 2018. Ela afirma que uma terceira pessoa matou Daniel e que apenas presenciou o crime, pois estava sendo ameaçada. No entanto, o MP sustenta que ela matou Daniel, com ajuda de outra pessoa.
Fernanda é julgada nesta sexta-feira (13) na 2ª Vara do Tribunal do Júri em sessão presidida pelo juiz Aluízio Pereira dos Santos, pronunciada pelo crime de homicídio qualificado por motivo torpe e recurso que dificultou a defesa da vítima. A acusação é de que ela matou o ex-superintendente no dia 18 de novembro de 2018. A motivação apontada seria ciúmes.
No entanto, no depoimento que prestou durante cerca de 1h30, Fernanda nega o crime e mantém a versão de que uma terceira pessoa matou Daniel, em um quarto de motel na região do Jardim Noroeste, em Campo Grande. “Eu jamais mataria o Daniel, ele era meu amigo”, disse.
O depoimento foi seguido por choro e exaltações. “Acho que você está sendo irônico comigo”, disse ao promotor, optando por não responder mais as perguntas. A “ironia” constatada por ela e pela defesa técnica seria por causa das perguntas feitas pelo MP, que entendeu o depoimento como contraditório em plenário. “Ela se diz vítima em três momentos. Quando é ameaçada pelo desconhecido, quando está no quarto de motel e quando diz que foi torturada pelos policiais. A Fernanda não foi uma vítima, a Fernanda não ficou lá inerte”, destacou o promotor.
A mulher se diz longe de qualquer suspeita. Ela relatou em seu depoimento que conheceu o ex-superintendente em uma tabacaria e, desde então, até o dia do crime, eram melhores amigos. “Ele era meu amigo de ir na minha casa quando eu estava triste”.
Versões
Fernanda, após presa, apresentou duas versões para o crime. A primeira ela confessa a autoria, mas depois volta atrás e afirma que só confessou o crime, pois foi torturada pela polícia.
Em uma segunda versão, a mulher diz que agiu forçada, sendo ameaçada por um homem negro, alto e desconhecido, que a abordou quando transitava com seu veículo na região da avenida Ana Luiza de Souza. “Não sei quem é”, disse em muitos momentos sobre esse homem que a abordou. Essa alegação foi posta em cheque pelo MP, ao apontar que – possivelmente -, Fernanda esteja escondendo a verdade – ou alguém -, dos fatos.
Ela negou que tenha agido por ciúmes da companheira, como relatada na primeira versão dos fatos. Inclusive, uma ex-companheira dela foi ouvida no julgamento e afirmou que Fernanda nunca mataria alguém por ciúmes. “A Fernanda nunca foi uma pessoa ciumenta”, disse.
Dia do crime
Fernanda seguia em seu veículo Pajero, pela região do bairro Pioneiros, segundo ela. “Um carro, parecia um C3 de cor preta começou a dar luz alta e eu parei”, conta. Um homem desceu e a abordou, enquanto o motorista do C3 ficou esperando.
“Ele entrou no carro, me ameaçando a todo momento. Dizia que conhecia o Daniel”, continua. Esse homem entrou no carro e sentou ao lado dela, no banco do passageiro. “Ele fez eu ir até minha casa e fez eu ligar para o Daniel. Eu fui depois até a casa do Daniel, no Tiradentes”.
Da casa do ex-superintendente até ao motel, ela afirma que desconhecia qualquer coisa que estava acontecendo. “O Daniel dizia que iria resolver, pra eu ficar tranquila”. Já no motel, onde aconteceu o crime, Fernanda afirma que não viu a cena. “O cara estava fazendo uma cobrança, levou o Daniel no banheiro e começou uma briga”, relatou.
Minutos depois, Daniel já estava morto e Fernanda afirma que o desconhecido limpou o sangue com uma toalha do motel. O corpo foi colocado em um carro e deixado em um matagal, próximo a Uniderp Agrárias. Depois o desconhecido sumiu e Fernanda viajou para Bonito. Ao retornar, acabou presa três dias depois do crime.
O Ministério Público não descarta que há uma terceira pessoa envolvida, mas sustenta que ela contribuiu com o crime.
A defesa ainda fará suas alegações e pedirá a absolvição, com base em provas, segundo o advogado Dayver Magnum. Três advogados fazem a defesa técnica de Fernanda. O julgamento segue no plenário e deve se encerrar durante a tarde.
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