Imagens de câmeras de segurança mostram o momento exato em que Miguel Arcanjo Camilo Junior atira a queima roupa no tio, Oswaldo Foglia Júnior, 43 anos, no último dia 16 de julho no Jardim São Lourenço, em . O delegado Thiago Macedo, da 4ª Delegacia de Polícia Civil, confirmou que com as imagens, descarta qualquer possibilidade de legítima defesa.

VÍDEO: Câmera de segurança flagra momento em que sobrinho atira em agiota
Foto: Divulgação Polícia Civil.

As imagens mostram o momento em que tio e sobrinho discutem calmamente por um tempo, mas depois a discussão fica mais quente e o tio tenta ir embora. Ao entrar no carro, Miguel começa a atirar. “Ele tinha a intenção de ir embora, tanto que a chave já estava no contato”, explica o delegado. No carro foi localizado um facão, mas a polícia descartou que ele tenha usado para ameaçar Miguel, já que a o facão estava na bainha.

O delegado explicou que perícia do local do crime e as imagens da câmera de segurança foram fundamentais para esclarecimento dos fatos. Laudo pericial indicou que Oswaldo foi atingido por nove tiros, na cabeça, pescoço, tórax, abdome, glúteo e costas. Os tiros foram a queima roupa, já que Miguel estava distante entre 40 centímetros a um metro da vítima.

Tio e sobrinho tinham diversos negócios juntos e a polícia não descarta, além da dívida de R$ 350 mil, até lavagem de dinheiro. A arma que Miguel usou no crime ainda não foi localizada e a Polícia Civil irá pedir a prisão preventiva do suspeito, já que ele se encontra preso temporariamente.

Entenda

Oswaldo foi morto depois de exigir honorários de uma cobrança que fez, mas que não recebeu. O suspeito, Miguel é um empresário do ramo de frios e tem duas lojas na cidade. Um dos fornecedores de Miguel sabia que o tio dele, Oswaldo, estava envolvido com agiotagem e decidiu contratá-lo para fazer uma cobrança. Oswaldo seria o responsável por fazer a cobrança para este fornecedor.

“Essa cobrança extrapolou o que foi combinado, não chegou a haver pagamento [por parte] do credor, e o contratado [Oswaldo] foi afastado. Romperam este contrato de cobrança. No entanto, a vítima [Oswaldo] acabou se insurgindo porque alegava que tinha direito de receber pelo serviço prestado, e o Miguel tentou intermediar esse pagamento, assumindo uma espécie calção”, explicou o delegado Thiago.

Oswaldo imaginava que os demais haviam recebido e o deixado sem nenhuma compensação, motivo pelo qual passou a pressionar o sobrinho. Miguel teria entregado alguns cheques ao tio como forma de garantia, mas tais cheques não foram pagos. “Houve um imbróglio financeiro entre as partes e a vítima se voltou contra essas partes na cobrança. Então, esse impasse financeiro foi o que motivou a ação do autor [Miguel]. Ele foi cobrado e acabou se sentindo pressionado e matou o tio”, pontuou.

Miguel foi indiciado por homicídio qualificado por motivo fútil e por recurso que dificultou defesa da vítima. “Não é descartada a ampliação deste indiciamento para ocultação de arma de fogo”, disse o delegado a respeito da arma usada no crime.

Ameaças

De acordo com o delegado, Miguel alega que sofria tanta pressão por parte do tio, que até mesmo sua esposa e filha foram ameaçadas. “O tipo chegou a pedir que Miguel sustasse cheques de pagamento de seu fornecedor, para que recebesse os honorários da cobrança, mas o autor [Miguel] não quis misturar seus negócios particulares com os problemas do tio”, pontuou. Neste sentido, Oswaldo acreditava que o sobrinho e o fornecedor estavam agindo pelas suas costas.

O assassinato

O assassinato ocorreu no dia 16 de julho no Jardim São Lourenço, em Campo Grande. No momento do assassinato, Oswaldo teria ido até a conveniência e teria dito ao sobrinho que estava com um facão no carro e que iria matá-lo. Momento em que, armado com uma pistola, o autor atirou por três vezes contra o agiota que morreu no local. Em seguida, o sobrinho fugiu em um Camaro amarelo que foi encontrado abandonado na manhã seguinte, no bairro Cristo Redentor.