Ângelo Demisque Siqueira, 61 anos, foi ouvido em audiência nesta segunda-feira (19) na 2ª Vara do Tribunal do Júri de . Ele confirmou que atirou em pai e filho após se sentir ameaçado, já que as vítimas teriam ‘partido para cima'. O assassinato aconteceu no dia 10 de fevereiro deste ano, no bairro , na Capital. O irmão de Ângelo, Nestor Demisque Siqueira, que também foi apontado como autor do crime, teve o processo por suspenso e responderá por crime de menor potencial.

Oito pessoas, entre testemunhas de acusação e defesa, foram ouvidas diante do Ministério Público, advogados e o juiz Aluízio Pereira dos Santos, durante a audiência desta segunda. A primeira testemunha a depor afirmou que Ângelo teria atirado à queima roupa nas vítimas, fato negado pela defesa. “Ele estava distante cerca de três a quatro metros das vítimas”, alega o advogado João Maria Ramos.

Um vizinho, que estava no local dos fatos, contou que a discussão teria começado por causa do fogo no terreno e que os irmãos acusados pelo crime, não teriam envolvimento com a briga. “A discussão não era deles, eles foram tentar ajudar a resolver”, disse a testemunha.

Durante a discussão, Bruno Pierre teria dito ao vizinho que chamaria alguém para resolver a situação. “Ele estava alterado e pegou o telefone para chamar alguém. Depois disso chegou um carro, quando o homem desceu com uma faca na mão”, conta a testemunha. Poucos segundos depois, aconteceram os disparos. “Eles foram para cima, se não fosse eles, seria eu”, disse Ângelo em interrogatório.

Bruno e o pai, Carlos Mendes, morreram no local dos fatos. A informação da primeira testemunha é de que o homem teria atirado à queima roupa em uma das vítimas, fato que é negado pelo acusado. “Eu estava distante deles e quando vi que caiu uma pessoa, eu assustei”, contou Ângelo. Questionado se estava arrependido, Ângelo chorou e pediu perdão.

Advogado de defesa dos irmãos, João Maria, afirma que entrará com pedido de liberdade para Ângelo, após ter pedido de revogação da prisão indeferido, no último dia 15 de agosto. A Justiça aguarda juntada de laudos da reconstituição do crime e alegações finais para decidir se Ângelo irá a júri popular.

Nestor responderá pelo crime previsto no artigo 347 do Código Penal, já que teria mudado de lugar a faca que estava na cena do crime. “Inovar artificiosamente, na pendência de processo civil ou administrativo, o estado de lugar, de coisa ou de pessoa, com o fim de induzir a erro o juiz ou o perito”, consta no código. Ele deverá cumprir a pena em liberdade, com medidas cautelares, entre elas comparecer em juízo uma vez por mês.

Ameaças

Advogado afirmou que a família dos irmãos teve que se mudar de cidade, já que estava sendo ameaçada por membros de facção criminosa. A informação é de que uma das vítimas teria envolvimento com a facção e que estariam agindo por vingança a morte de Bruno.

Fogo no lixo

O fogo em um amontado de lixo, no Portal Caiobá, foi o estopim para o de pai e filho. Carlos foi atingido por quatro disparos sendo um no pescoço, clavícula, costas e um tiro na testa. Antes do tiro na testa de Carlos, o homem teria dito “Você ainda não morreu”, dando um tiro de ‘confere'.

Já Bruno foi assassinado com três tiros, sendo dois na coxa e um no pescoço. 11 munições intactas foram encontradas no local. Testemunhas e vizinhos informaram que pai e filho eram pessoas trabalhadoras.

Reconstituição

Aproximadamente 40 policiais participaram de uma reprodução simulada no dia 11 de julho, que teve cinco horas de duração para esclarecer  os assassinatos de pai e filho, Bruno Pierre Figueiredo, 22 anos, e Carlos Mendes Figueiredo, 42 anos. O inquérito sobre os crimes já havia sido encerrado, mas a defesa dos acusados pediu a Justiça uma reprodução simulada do caso para esclarecimentos. Os dois acusados pelo duplo assassinato participaram, assim como, policiais da Denar, da 5º delegacia de polícia, guarda municipal, 4º DP, GOI e 6º delegacia de polícia.