A Polícia Civil investiga se o fazendeiro Nelson Vicente Palchetti Júnior cedeu sua propriedade rural para acomodar criminosos do PCC (Primeiro Comando da Capital) envolvidos com roubo de avião ocorrido em , a 407 quilômetros de Campo Grande, no dia 18 de junho.

A suspeita é de que ele, o piloto supostamente sequestrado Edmur Guimara Bernardes, e  Idevan Silva de Oliveira, funcionário do hangar onde estava a aeronave, tenham agido em conjunto para facilitar o roubo. A Deco (Delegacia Especializada de Combate ao Crime Organizado) cuida do caso.

Segundo relatório da delegada Ana Cláudia Medina, responsável pelo inquérito, não é descartado que a fazenda de Nelson tenha sido usada como sede de apoio à facção para execução do crime na data dos fatos, conforme dados de áudio fornecidos pela Polícia Nacional do Paraguai.

Além disso, há histórico de envolvimento do trio em outros crimes, o que reforça a tese. Nelson é dono de um hangar e de uma bomba no aeroporto, onde comercializava combustível ilegal no local, com apoio de Idevan, que seria o responsável pela distribuição, conforme testemunhas.

Em contrapartida, Edmur e Nelson já foram presos por envolvimento com o tráfico de drogas. Os três foram presos pela Deco, mas Edmur e Idevan foram beneficiados com a revogação da prisão temporária neste final de semana. A defesa contesta as acusações de que tiveram participação no plano de roubo.

O Plano

Conforme noticiado, o roubo é tratado como suposto plano de falso sequestro de Edmur. A ação teria como pano de fundo o roubo de mais três aeronaves que custaria R$ 1 milhão de logística desenvolvida por membros do PCC. As investigações paraguaias em conjunto com a investigação do lado brasileiro apontaram para o plano que estava sendo desenvolvido.

Edmur teria sido sequestrado no dia 18, em casa, e levado pelos suspeitos até o aeroporto de Paranaíba. Idevan relatou à polícia que os bandidos estavam armados e exigiram um determinado avião, que foi roubado e levado com o piloto, enquanto ele teria sido deixado amarrado.

Após mais de 30 horas o piloto foi encontrado em Cáceres, no Mato Grosso, e alegou que foi sequestrado e obrigado a seguir para a Bolívia e Paraguai, onde os supostos sequestradores resgatariam um membro do PCC. Ele ainda contou que fugiu com a aeronave em um descuido dos assaltantes.

Edmur já teve envolvimento em casos de tráfico de drogas e contrabando. Em um dos casos mais antigos, foi detido pela Polícia Federal em setembro de 2000. A prisão aconteceu após a PF apreender 138 quilos de cocaína em um hangar, em Paranaíba.

A droga pertencia a um pecuarista e seria transferida de um avião para o fundo falso de um caminhão. Na época, os suspeitos tentaram dizer que transportavam hormônios bovinos. Edmur era um dos responsáveis pelo descarregamento da droga em Paranaíba.