A Justiça decidiu pelo afastamento do médico ginecologista Ricardo da Fonseca Chauvet, investigado por exigir propina de um paciente do SUS (Sistema Único de Saúde) e também por abusar de uma paciente. Os casos aconteceram na cidade de Corumbá, distante cerca de 444 quilômetros de Campo Grande, e tiveram repercussão nacional.
Na decisão do juiz André Luiz Monteiro, da 2ª Vara Criminal de Corumbá, também consta a suspensão de qualquer pagamento ao médico. O caso corre em segredo de Justiça.
Em julho deste ano, a reportagem do Jornal Midiamax procurou a prefeitura da cidade, que informou que médico teria sido afastado das funções do Centro de Saúde da Mulher em Corumbá. No entanto, nesta quarta-feira (21), a reportagem voltou a entrar em contato com o município e foi informada que Ricardo estaria de férias. A informação é de que a prefeitura ainda não foi notificada sobre a decisão judicial sobre o afastamento do servidor.
Em nota enviada à imprensa, em julho deste ano, a prefeitura de Corumbá também informou que o procedimento administrativo disciplinar foi aberto e segue sob sigilo para preservar as partes envolvidas. “Caso constatado a veracidade dos fatos alegados pela suposta vítima, poderá o servidor ser desligado do serviço público municipal”.
Propina e assédio por médico
Ricardo foi flagrado pedindo R$ 1 mil para fazer uma cirurgia de retirada de mioma no útero, mesmo trabalhando e atendendo pelo SUS. A conversa foi gravada e revelada em rede nacional. “Eu não faço pelo SUS, tá? Por motivos simples. O SUS paga R$ 24 para fazer isso, eu não vou botar a mão num útero de uma mulher ‘desse tamanho’, com cinco cesáreas anteriores, por R$ 24 reais. Eu não vivo disso, tá”.
“Só que isso é ilegal, tá? Mas eu tenho duas opções: ou o ilegal ou eu não faço. Em outra condição você não vai conseguir. Pra fazer com outros colegas vai ser na mesma condição que estou te propondo ou mais. Então é a grande chance”. Com as gravações em mãos, a mulher procurou a delegacia da cidade para registrar a ocorrência
Com o caso da propina, a denúncia de assédio sexual veio à tona. O crime teria ocorrido por duas vezes, no final do ano de 2015. A vítima, uma mulher de 32 anos, procurou a delegacia de polícia, pois se sentiu ‘constrangida e com vergonha’ pela maneira com que o médico teria realizado o exame, fazendo com que ela encostasse ‘sem querer’ nas partes íntimas dele. A paciente gravou o atendimento com o telefone celular – gravação que foi entregue à Polícia Civil.