Autoridades da Argentina descobriram na quarta-feira (26) um bunker com mil armas de guerra, dentre as quais fuzis e metralhadoras, que pertenciam a uma organização criminosa internacional com extensões na Europa e nos Estados Unidos. A ação trouxe à tona uma esquema de tráfico que enviava armas de Martínez, na região de Buenos Aires (ARG), para Pedro Juan Caballero, no Paraguai, de onde os carregamentos entravam no Brasil pela fronteira via Mato Grosso do Sul, e alimentavam o PCC (Primeiro Comando da Capital) e o CV (Comando Vermelho).

De acordo com o jornal argentino Clarin, os armamentos chegavam desmontados dos Estados Unidos. As munições e carregadores, por sua vez, eram despachadas da Alemanha e Espanha para a Holanda, e por fim para a Argentina, de onde eram redistribuídos até chegar ao alcance das facções brasileiras que disputam o controle de produção de drogas e fornecimento de armas nas fronteiras com a Bolívia e o Paraguai.

“Está absolutamente desarticulada a quadrilha que comercializava armas em países vizinhos para organizações criminosas muito complexas. Na primeira etapa, em novembro do ano passado, encontramos um depósito com partes de fuzis AR15 que vinham do exterior”, disse Pablo Yadarola, juiz criminal. As investigações tiveram início em outubro do ano passado, a partir de aviso do Departamento de Segurança Nacional dos Estados Unidos, que alertou a aduana argentina sobre a chegada de equipamentos pesados.

Ao todo, com os 52 mandados de busca cumpridos ontem, mais as ações realizadas desde o ano passado, foram apreendidas 2.578 armas e presos 23 suspeitos, entre eles um dos cabeças do esquema. Com o grupo havia ainda aeronaves, espadas Katana e munições capazes de abater aviões. No bunker foram encontrados fuzis Colt M4 calibre 5,56 e AKs 47, metralhadoras Browning, 166 mil dólares, 800 mil pesos, pólvora, granadas, minas anti-tanques, visores noturnos e manuais de uso. Uma empresa localizada em Córdoba, na Argentina, seria usada para facilitar aquisição e despacho dos arsenais.

A casa em Martinez, onde foi descoberto o bunker, conforme noticiado pelo Clarin, parecia um imóvel comum. No entanto, na entrada, ao lado da garagem, havia um banheiro com um armário suspeito. Atrás deste móvel, estava uma porta blindada que permitia acesso ao cômodo que tinha até mesmo controle de temperatura e umidade, para evitar o desgaste natural das armas. De lá, os carregamentos seguiam para Pedro Juan Caballero em uma empresa de transporte de passageiros do Paraguai, e depois chegavam ao Brasil.